Está tudo tranquilo na Líbia...

"Desculpem senhores, mas eu tenho de dar satisfação a milhares de pessoas interessadas no sucesso do sionismo, e eu não tenho árabes entre meus eleitores". Assim Harry Truman, presidente norte americano no fim da segunda guerra mundial explicava seu apoio à criação do estado de Israel em terras árabes ocupadas por palestinos a centenas de anos e que já provocou milhares de mortes ao longo do século XX.
Neste território Palestino, o povo está amedrontado. Seu governo pede calma, que as pessoas não saiam às ruas e nem provoquem revoltas. Alguns estão sem entender, mas se lembrarmos dos documentos do wikilikis divulgados recentemente, e que no caso dos governantes palestinos mostrou-os dando apoio aos israelenses e sendo coniventes com a tomada de terras do povo palestino, entenderemos o porquê do silêncio. É a velha máxima da entrega do galinheiro para o lobo tomar conta.
As revoltas que estamos vendo nos últimos dias no oriente médio, têm em muitos casos, os norte americanos como alvo. As ditaduras que vem se perpetuando nas últimas décadas são financiadas pelos ianques que enviam bilhões em dólares e mantêm tropas em várias partes do oriente, tudo em nome do controle dos poços de petróleo abundantes da região. Dificilmente veremos novos governos assumirem o poder nestes países sem que sejam lacaios americanos.
O interessante destes levantes é que os dois principais aliados dos americanos do norte na região não estão tendo problemas. Pelo menos aparentemente. Falo de Arábia Saudita e Israel. Nestes dois casos veríamos a atuação norte americana com muito mais presença militar do que o que estamos vendo. Por enquanto os americanos estão agindo nos bastidores e sua frota militar está apenas estacionada fazendo apenas o papel de sujeito intimidador.
A líbia de Muamar Kadafi está sendo acusada de massacrar civis, colocando as tropas militares nas ruas a atirar na população e o número de mortos já chegaria a mais de 600. Sou sempre muito cético com as informações de nossa mídia. Algo que me chamou muito a atenção fora a chegada dos brasileiros em São Paulo nesta quinta feira, 24 de fevereiro. Com exceção de um engenheiro, nenhuma outra pessoa quis dar entrevista, e o engenheiro que falou com os jornalistas, que acredito eu deveria estar aliviado, estava muito nervoso e disse apenas poucas palavras. Chamou-me a atenção algumas de suas limitadas respostas. O mesmo disse que o clima estava tranqüilo, que não vira nenhuma grande movimentação, que deixara o país por que seu contrato estava vencendo e não por conta de conflitos. O mesmo mostrava-se muito nervoso, mas em momento algum deixou claro que o clima na Líbia fosse o mesmo dos noticiários de TV. Juro que esperava sorrisos, choro, familiares a espera e declarações emocionadas de pessoas que acabam de chegar de uma "zona de guerra". Mas nada disto. Apenas pessoas fugindo dos jornalistas e nenhum comentário a respeito das declarações do engenheiro. Outros brasileiros que desembarcaram nesta terça, dia 1º de março também não se mostraram tão assustados assim. Um deles chegou a dizer que a Líbia é um país geralmente muito tranqüilo e que as maiores agitações se davam ao tentar sair do país devido à super lotação dos aeroportos. Fico a me perguntar se não há algum exagero. Será que estou vendo chifre em cabeça de cavalo? Ou nossa mídia está exagerando por algum motivo? E no caso da Palestina; está tudo tranqüilo ou está sendo omitido algo? Não sei não...
Outra notícia muito esperada nesta "primavera dos povos" seria a revolta do povo Venezuelano contra o "ditador" Hugo Chavez. Quem sabe este povo da América do Sul iria se contagiar e sair às ruas contra seu governante. Nada aconteceu. Por que será? Para não deixar de mencionar Hugo Chavez em meio a todo este caos, jornais noticiaram que o venezuelano teria convidado Kadafi a se refugiar na Venezuela, talvez devido à compatibilidade de ideias dos dois. Esta noticia fora logo desmentida por Chavez, e ninguém mais falou no assunto.
Esta semana Chavez Fe um pronunciamento acusando os americanos de estarem interessados é no controle dos poços de petróleo, e não na defesa dos direitos humanos. Isto meu caro Chavez, é fato. Afinal, massacres são cometidos e vem sendo cometidos há anos em países africanos com pessoas sendo mortas de formas assustadoras aos milhares e milhões sem sequer uma declaração de Washington. Vejam-se os casos do Sudão, Darfur, Etiópia, Sierra Leoa Angola. Atrocidades cometidas com a maior tranqüilidade possível.
Não quero dizer que as coisas no oriente estão calmas. Longe disso. Mas temos que estar atentos que primeiros estão os interesses econômicos dos americanos do norte. Depois direitos humanos, pessoas, paz. Lembremos que Kadafi, Sadam, Mubarak, Bin Laden, Pinochet, Médice entre outros ditadores e assassinos sempre foram afilhados dos americanos e sempre tiveram seu apoio contando sempre com ricos orçamentos para massacrar seus povos. Fiquemos atentos as mentiras globais, as mentiras de Washington. Fiquemos atentos...

Alex Sandro Grijo Ribeiro

 

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