Querido José Bento Renato Monteiro Lobato,
Durante todo ano 2010, fui um menino bonzinho e comportado, bem como ético e solidário aos meus amiguinhos, milhares de crianças igualmente suas fãs... Gosto de todas as suas fábulas: coloridas, livres e fantásticas... Nossos Professores de Literatura e afins, só dizem elogios ao seu estilo e carisma... Genuinamente brasileiro... Literatura comprovadamente espetacular!
Lobato das crianças, metáfora natalina dos rabiscos, sempre vivos e ariscos... Tornados agora petiscos... Insanos gritos... Melodramáticos apelos do “Informe do Dia”, em segunda próxima passada... Duplo atentado... Primeiramente o escritor Alberto Mussa classifica como: “racistas”, trechos do imortal dono do Sítio; especificando expressões, extraídas isoladamente da Literatura Infantil amplamente referendada: NEGRA BURRA, NEGRA BEIÇUDA... Ora, ora, então vamos perscrutar outros autores em guisa de encontrarmos: BRANCO AZEDO ou talvez, AMARELO OLHOS PUXADOS...
Como se não bastasse o acintoso indutivo e prepotente... Evolui o polêmico escritor – em mico – desejando que o nosso Ministério da Educação venha a suprimir os tais trechos, da consagrada Obra de Lobato... Proposta de mutilação mesmo, arbitrariedade... Arvorando-se ainda – picardia – em que próximos estão os setenta anos da Obra referida, onde caindo em domínio público, podendo ser reescrita e adaptada...
Em tempo, em novembro passado – graças a Deus – o MEC rejeitou parecer do Conselho Nacional de Educação, para restringir a distribuição de um Livro de Lobato... Que proferiu anteriormente: Porque para o homem o clima “certo” é um só: o da liberdade. Só neste clima o homem se sente feliz e prospera harmoniosamente. Quando muda o clima e a liberdade desaparece, vem a tristeza, a aflição, o desespero e a decadência.O Minotauro, 1939.
Considerando-se paladino das crianças, pauta-se Mussa, agir em “proteção” das mesmas, leitoras... Tenho plena certeza que nossos competentes alfabetizadores, em sua pedagogia contextual didática... Não estão a carecer de sua tutela midiática, tampouco deve saber o quixotesco “justiceiro” que toda e qualquer Obra literária, deve ser analisada com foco no contexto em que se produziu... E que emplacando seu devaneio nazista, talvez possamos suprimir os palavrões de Nelson Rodrigues; a baianice gostosa de Jorge Amado; Codro de Camões; a pilhéria de Jabor, etc... Talvez metermos o dedo no nariz, ou melhor, o nariz nas Obras alheias... E assim queimando os livros em praça pública... Então tenhamos um novo tempo, de vento e fumaça... Cadê a Cuca?
José Carlos Paiva Bruno
OABRJ 73304