Dessa vez, no entanto, mais de um milhão e meio de eleitores, com muito propriedade, acrescentaram à programação o que sempre faltou anteriormente, a figura principal de um circo, O PALHAÇO, elegendo Tiririca para ocupar uma das cadeiras da Câmara Federal.
Na da verdade não devemos e nem podemos esquecer que, por lá, já estiveram o Agnaldo Timóteo (mamãe, mamãe, mamãe), sublimando a interpretação do amor filial, o inesquecível Enéas e outros de menor expressão.
A FESTA
Terminado o espetáculo, desmontado o picadeiro, dobrada a lona, começou a comemoração, a grande festa.
Como sempre, esqueceram de convidar o povão para pelo menos provar o sabor do bolo da democracia, ou de saborear o puro leite das tetas das vacas da fazenda Brasil.
TRAGÉDIA ANUNCIADA
Em meus últimos escritos publicados pelo jornal O Rebate, com absoluta convicção, afirmamos que o evento tragicômico, independentemente do seu resultado, prenunciava um futuro sombrio para nossa nação.
Citamos que a ganância na hora da divisão do bolo iria fazer cair a máscara dos "aliados", e eles voltariam aos seus palácios preparados para a guerra, e a primeira mulher presidente da nossa história iria descobrir que: presidente não preside, governador não governa, prefeito não administra e parlamentar não legisla, a não ser que os temas recorrentes sejam os acertos de contas no campo político, o que chamamos de poder legal, (algo semelhante as guerras de marginais na divisão dos lucro), que só poderão ser definidos com o aval dos poderosos chefões, ou seja, dos canibais capitalistas, ou dos sindicatos monopolistas da produção e dos mercados.
O GRANDE PEPINO
Na horta de pepinos que Dilma terá a obrigação de descascar pessoalmente, o maior, com toda certeza, será a nomeação do novo presidente do Banco Central, um substituto a altura de Henrique Meirelles.
O que Lula não fez em oito anos, quer que agora seja feito pela companheira sucessora, atender as exigências do PT pela indicação de um companheiro.
Antes de Meirelles, o dono da cadeira, no governo FHC também foi pinçado do mercado, Armínio Fraga.
Pelos exemplos, sem contraditório vemos que manda quem pode e obedece quem tem juízo. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.
Se ficar com os companheiros Dilma correrá o risco de comprometer o desempenho da economia, sendo que eventuais crises como a provocada pelo escândalo do banco PanAmericano, sem soluções rápidas, eficientes e respeitadas como aconteceu agora, será o suficiente para fechar o caixão do novo governo.
Optando pelo mercado, não tenham dúvidas, uma das mulheres mais poderosas do mundo vira alvo do fogo amigo.
A MÍDIA ACORDOU
Durante a campanha eleitoral a mídia pró-Dilma foi apenas noticiosa e generosa, enaltecendo a evolução do Brasil reconhecendo na candidata do PT uma justa, digna e corajosa homenagem a mulher brasileira (maioria no colégio eleitoral), a "mãe" dos pobres
A mídia oposicionista, diante de um resultado positivo considerado impossível, manteve-se neutra, o que foi facilmente percebido durante os debates, quando os jornalistas convidados pelos promotores dos eventos evitaram a saia justa das perguntas sobre a volta da CPMF, minimizaram o caso Erenice Guerra, cujas denúncias, se comprovadas, deveriam ser levadas a conta dos casos de fragilidade de caráter a qual está sujeita qualquer ser humano, não discutiram profundamente o risco da ressurreição do monstro inflacionário, a redução dos juros, a guerra cambial, ou seja, aquilo que realmente interessava saber de um candidato a presidência.
Omitiram ainda de outro escândalo do qual já sabiam nos mínimos detalhes, as suspeitas de uso da máquina pública para favorecimento de empresas familiares de outros "companheiros", no caso contratos assinados com a Petrobrás com a empresa C. Foster, marido da diretora de Gás e Energia estatal, negociações que além de ilegais e imorais, resultaram em prejuízos para a contratante, como a própria Dilma reconheceu.
A mídia, porém, não pode ser subserviente todo tempo, o tempo todo, o caminho mais curto para o suicídio de qualquer veículo de comunicação. A guerra é perene.
Ainda cautelosa a imprensa brasileira começa a mostrar que não está morta e que o resultado das eleições não mudou a cara do Brasil, nem a idoneidade e a confiabilidade na classe política.
VELHAS NOTÍCIAS COM ROUPA NOVA
A anunciada fusão PMDB/DEM tem que ser vista de vários ângulos. Se acontecer, terá força política suficiente para bater de frente com a futura chefa do poder Executivo federal. Fim dos acordos e inicio das velhas e condenáveis negociações pela governabilidade.
A visão mais clara é que a fusão depende da fatia do bolo (cargos no governo) que o PMDB puder oferecer aos Democratas.
Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro, com a goela aberta e apetite insaciável, cobra de Dilma uma participação de bilhões de reais como bônus na recente operação acionária da Petrobrás.
Renato Casagrande, PSB, governador eleito no Espírito Santo, de olho no pudim, já encaminhou a sua assessoria uma análise de viabilidade para entrar na festa.
Junte-se ao cardápio a questão de novas regras, virada de mesa, para distribuição dos royalties do petróleo.
Um ilustre desconhecido no cenário nacional, Lindbergh Farias (RJ), eleito senador, ainda não tomou posse e reclama direitos incontestáveis a várias fatias do bolo, dentre as quais: um ministério, ser líder do governo, ou líder do partido. Em qualquer posição, virar fazendeiro com porteira fechada, o que quer dizer, autonomia na gestão de recursos e na nomeação pessoal para os cargos disponíveis, neste caso, ocupando alguns com a declarada intenção do aumento indireto da renda familiar.
VEM AÍ MAIS UM CIRCO
Juntos, o STF, o TSE e o Congresso Nacional criaram um novo CIRCO que já iniciou suas funções. No programa o espetáculo: QUEM É QUEM NA REPÚBLICA?.
Eu explico, foi a bagunça provocada pela tal Lei da Ficha Limpa. Até agora está indefinida a composição dos poderes legislativos. Quem está dentro pode sair e quem está fora pode entrar.
O que dizer da declaração do ministro Marco Aurélio Mello (STF): "É inconcebível o fato da Câmara e das Assembléias Legislativas tomarem posse sem ter as respectivas composições definidas".
A indignação do ministro foi mais longe: "Nunca se viu nada igual, é a insegurança jurídica total".
RESUMINDO
As últimas eleições revelaram a verdadeira cara da República, quando um ministro do STF afirma que não existe no País segurança jurídica, podemos concluir que o Brasil não está à beira do abismo, já mergulhou nele e segue em queda livre ao sabor das correntes de vento rezando pelo milagre da sobrevivência.
ESQUERDA, CENTRO E DIREITA
Por causas e circunstâncias o Brasil é um extraordinário e abençoado oásis neste planeta semeado por desgraças e misérias.
Isso me faz lembrar uma velha piada: Certa vez, Deus foi procurado por autoridades de muitos países, todos, reclamando de terremotos, maremotos, terras áridas, furacões e outros flagelos. Os reclamantes queriam saber por que Deus fez do Brasil um paraíso. Então o senhor respondeu - Vocês não perceberam ainda o povo que eu coloquei no paraíso.
Pode não ter graça, no entanto, a moral da piada não está longe da verdade. Que povo é este que não reage, que não cobra, que não luta pelos seus direitos?
Todos os seres sobre a face da terra, falo dos irracionais, formaram sociedades muito mais justas do que as organizações humanas, em todos os sentidos, cada membro respeitando suas diferenças, cumprindo com as suas obrigações e deveres, sem exclusões.
Nossa raça, privilegiada com a inteligência e portadora das doenças da ambição, da falta de caráter, da desonestidade, do ateísmo, da falta de princípios, criou e implantou formatos de sociedades sobre falsas ideologias difundidas em termos impossíveis da compreensão das nações, humanidade que na sua maioria foi subjugada pela ignorância e pelo terrorismo das idéias plantadas pelas minorias intelectuais. Não existe diferença entre os pregadores das ideologias religiosas, socialistas, capitalistas, liberalistas, ou seja, por todos os meios buscam um único fim, a conquista do poder.
NA REAL
Semana passada, não sei bem em que canal de TV, e onde aconteceu, acompanhei uma manifestação de estudantes revoltados com o aumento das mensalidades das universidades nas quais estudam. Peguei a notícia pela metade, a forma gentil dos componentes das tropas de choque enviadas para conter a manifestação, usando somente a força necessária como determina a Lei, meteram seus porretes na garotada, chutaram, pisotearam e arrastaram os adolescentes e protegeram os estabelecimentos, cujos donos, apenas exerciam seus legítimos direitos de aumentar os lucros das suas empresas.
Enquanto isso, os congressistas estão preocupados com o valor indigno dos próprios salários e dos companheiros ministros.
As declarações patrimoniais de alguns governadores dos estados brasileiros de maior pobreza confessam fortunas injustificáveis, vários declaram cinicamente uma evolução em 12 meses superior a 200%.
Roseana Sarney que em 2006 informava apenas o saldo de um fundo de previdência no valor de R$ 172 mil, em 2010 retificou informando uma declaração com R$ 7.838.530,34. Como é fácil ser rico no Brasil, que o digam os políticos.
Não há mal que sempre dure e bem que nunca se acabe. O final da festa, dessa vez, não me resta dúvidas, vão azedar o bolo.
Quem viver verá!
Paulo Carneiro
16 de novembro de 2010