Nesse país de grandes e lamentáveis desperdícios, o que ocorre com a educação pública superior merece atenção especial. Há muito dinheiro sendo jogado pelo ralo. Como se vivêssemos no melhor dos mundos e pudéssemos nos dar ao luxo de perder quantias apreciáveis, sem qualquer tipo de retorno social dos investimentos feitos.
O ensino superior é tratado como uma imensa salada de frutas, ficando pouco claro de que maneira se fará a defesa da qualidade do ensino. Com boas frases ou intenções de natureza lírica não se chegará a bom termo, no esforço de renovação de nossa educação.
A educação brasileira precisa ser urgentemente repensada, no bojo de uma grande reforma social. Mas enquanto as questões mais simples não forem devidamente resolvidas pela "burocracia governamental" parece que continuamos na firme disposição de enfrentar os grandes problemas educacionais através do discurso bonito, inflamado, sem consistência. É por isso que a educação brasileira continua a ser um triste pesadelo em todo o território nacional. Educação de péssima qualidade em todos os níveis.
Se é verdade que o homem só se torna homem pela educação, todos devemos estar empenhados na sua melhoria. É preciso privilegiar a leitura em todos os níveis, fazendo nascer uma política do livro.
O clima político educacional no Brasil é tão ruim, que não há bola de cristal que não esteja embaçada.
Uns afirmam que o Brasil, apesar de tudo, está progredindo. E eu direi que não é o país que está progredindo, mas alguns cavalheiros que estão prosperando à custa do Brasil.
O candidato José Serra, gosta de contestar até piada, diz um conhecido. Conforme a anedota lhe é contada, ele questiona cada parte, procurando lógica onde não há. O seu humor melhora ao longo do dia. Telefonemas a amigos na madrugada para comentar assuntos e projetos também são sua marca. A fama de cabeça-dura vai mais longe.
Quando não está em público, é pavio curto, principalmente quando as coisas são mais lentas do que gostaria. Ao falso, prefiro o genuíno, ainda que áspero. Ao polido, o exato. Ao fosco, a crua luz do Sol. É preferível um cidadão livre a um presidente prisioneiro.
A candidata do governo resolveu adotar uma tática conhecida entre os brasileiros: os desmentidos. O que se diz de manhã, não se confirma a tarde e desmente-se a noite. Uma parafernália de desmentidos. Suas metáforas derivadas de parábolas, lendas e anedotórios são de efeito, porquanto sintéticas e engenhosamente construídas.
As palavras têm de ser avaliadas, manipuladas, orquestradas em seu sentido mais secreto.
O ex-presidente, Fernando Henrique acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar o PAC- Programa de Aceleração do Crescimento- como instrumento eleitoral e disse que deveria se chamar "Plano de Aceleração da Comunicação".
"Eu só vejo o presidente Lula fazendo inaugurações do PAC. O PAC virou um plano de aceleração da comunicação. Os dados de investimentos efetivos mostram que não há nada".
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é usado hoje pelo presidente da República, para certificar e garantir a capacidade de gerenciamento da candidata ao Planalto. PAC da comunicação.
Mas o cronograma continuará no papel para, pelo menos, 60 empreendimentos, que serão herdados pelo próximo governo. Alguns projetos já estão em andamento. Outros terão de sair do zero, como as obras de melhorias em aeroportos. Na lista, há projetos de todos os tipos, desde rodovias, ferrovias, portos e aeroportos a obras de urbanização nas favelas e de saneamento básico.
A candidata à presidência da República, comandou a divulgação do balanço de três anos do programa afirmando que 40% das ações previstas haviam sido cumpridas. Mas esse documento oficial passa ao largo dos gargalos de calendário.
A maquiagem das informações fica evidente em consultas ao primeiro balanço oficial do PAC, de maio de 2007, e aos oito seguintes. Neles, descobre-se que muitas das obras passam por uma revisão de metas e tiveram o seu prazo de conclusão dilatado.
Outra manobra consiste no fatiamento da obra para que a conclusão de ao menos parte da ação ocorra no prazo.
A mentira política tem uma trajetória tão longa quanto a história das civilizações e suas intrincadas relações. Tais interações implicam sempre a presença do elemento psicológico na arquitetura do Estado e, portanto, caracterizam a inseparabilidade, nessa organização social, dos fenômenos subjetivos que integram sua composição. A mentira vista assim não é simplesmente uma carta no jogo político usada bem ou mal pelo governante ao sabor das razões de Estado, mas uma função tanto do psiquismo humano quanto da política.
Segundo Sigmund Freud, a projeção é um mecanismo de defesa dos mais comuns e radicais, a projeção consiste em transferir, para as pessoas e objetos de nossas relações, os nossos conflitos internos inaceitáveis. Ao contrário da conversão pela qual os transferimos para nós mesmos convertidos em sintomas ou doenças, na projeção os transferimos para o exterior, para as outras pessoas ou coisas. Não só os impulsos hostis agressivos e sexuais, mas tudo o que é recalcado pode ser projetado para os demais. "Não desejo atacá-lo, é ele quem deseja atacar-me." Em casos extremos, esta atitude atribui aos outros qualidades totalmente inventadas, como nos delírios de persecução dos paranóicos; outras atribui aos outros as qualidades que ele mesmo tem; em casos mais leves basta exagerar as qualidades dos outros, para disfarçar as próprias.
(*) é professor universitário, jornalista e escritor