Os marxistas, sua organização política a EM-PT e os resultados eleitorais

Conforme ensina o Manifesto Comunista (1848) os objetivos imediatos dos marxistas são os mesmos dos demais partidos proletários. Isto é, a constituição dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa e a conquista do poder político pelo proletariado. Então: Quais são os partidos proletários no mundo hoje? Internacionalmente, a referência é a correta filiação da corrente intra PT Esquerda Marxista (EM-PT) à Corrente Marxista Internacional (CMI). Já nacionalmente, apesar de ter virado um partido operário-burguês cuja direção internacionalmente pratica a política de conciliação com o imperialismo e nacionalmente a de colaboração com a burguesia, a reafirmação da EM como corrente intra PT está correta.
Em outras palavras, nos mantemos fiéis à nossa classe por ela permanecer identificando o PT também como dela. Ou seja, aqueles e aquelas que desertaram do PT como a Causa Operária o atual PCO, o PSTU e o PSOL se equivocaram redondamente. Ainda que o último tenha nacionalmente alguma representatividade nos movimentos sociais e no parlamento. No entanto, não serve como nossa referência de análise política. Isso, porque não tendo os pés no proletariado, não se dispõe a constituí-lo como classe. Assim, a batalha central do PSOL é o pequeno aburguesado moralismo ético de declarar-se contra a opressão da corrupção, sem reafirmar o princípio de que a mais perversa das opressões é exatamente a da exploração de classe.
Esse aburguesado moralismo ético também se tornou atávico no PT. Em Macaé aqueles e aquelas que autoproclamam ser da ‘esquerda' petista, o trai ao fazer campanha do eleito deputado federal que é um arrependido aliado da burguesa oligarquia local, um cristão-novo verde enquanto capitalista da assistência à saúde privada. Tais petistas praticam o pragmatismo, que se baseia nas idéias conservadoras do filósofo estadunidense Charles Sanders Pierce (1839-1914) que significa apoiar um burguês supostamente bom e ético que se oponha à própria burguesia. Do outro lado, estão aqueles e aquelas petistas que colaboram diretamente com a burguesa oligarquia local de 33 anos, participando do atual desgoverno.
A degeneração do princípio da fidelidade partidária chegou a ponto de, pelo menos um membro da Executiva Municipal petista, também fazer campanha presidencial para a candidata do PV. O que explica a polarização local ter ficado entre a candidatura presidencial de Dilma (1ª colocada) e a do PV (2ª colocada). Em meio a isso ocorreu o inusitado apoio do eleito deputado federal verde local ao igualmente eleito senador petista Lindberg Faria. Isto, no entanto, se trata de um problema interno do PV e de seu vereador carioca e derrotado candidato a senador. Ressalto ter sido equivocado e injustificável o segundo voto que teria sido dado por milhares de petistas a um dos candidatos a senador do PSOL.
O voto de legenda do PT no Estado RJ teve exíguo crescimento. No de deputado estadual em 2006 (124.923) e em 2010 (142.913). Isso propiciou apenas a manutenção das cinco cadeiras que detinha na Assembléia Legislativa. Pior ocorreu no voto de legenda petista de deputado federal. Em 2006 foram (140.091) e em 2010 este número cresceu menos ainda (143.674). O que acarretou na perda de uma das seis cadeiras que detinha na Câmara dos Deputados. Não por mera coincidência, esta diminuição atingiu em cheio o quinto mandato consecutivo do parlamentar originalmente operário-ferroviário que se aburguesou. Aliás, o ex-operário fez dobradinha com o burguesão e igualmente derrotado candidato a senador do PMDB.
Isso foi reflexo da equivocada política de colaboração com a burguesia patrocinada pelo presidente Lula e bancada pela direção nacional petista, que lhe é submissa. Haja vista, a repetição praticada pelo eleito senador petista Lindberg Faria que em pleno ascenso de sua pré-candidatura a governador, a retirou abruptamente (sem consulta alguma às combativas bases que a tinham lançado). O que reafirmo não justifica o segundo voto dado por milhares de petistas a uma das candidaturas a senador do PSOL. Chamo atenção para o pequeno aburguesamento político-ideológico do PSOL refletido nos números de sua votação. Somente a metade dos votos do reeleito deputado federal carioca do PSOL foi dada ao candidato a governador.
Isso ficou patenteado na derrota da vereadora em Maceió (AL) e presidente nacional do PSOL, que mesmo sendo conhecida por ter sido senadora e candidata a presidência da República em 2006, não conseguiu eleger-se senadora alagoana. No caso seria o segundo mandato uma vez que seu primeiro em 1998 ocorreu pelo PT. Sobre as votações das duas dobradinhas da EM-PT, em SP e SC, não resta dúvida. Ambas estão de parabéns. Em Santa Catarina, somadas as votações das candidaturas a deputado federal do camarada Airton Sudbrack com a de deputado estadual do camarada Adilson Mariano, chegou-se ao número arredondado de 21 mil votos. Atenção 0,50% de votos na candidatura do camarada Mariano é significativa.
Esse percentual de votos (0,50 %) hipoteticamente comparado ao estado brasileiro mais populoso que é o de São Paulo significaria algo em torno de 100 mil votos. O que com certeza garantiria uma cadeira na Assembléia Legislativa Paulista. Valendo salientar novamente, a política de colaboração com burguesia do governo presidente Lula repetida em SC, acabou sendo implacável, prejudicando as candidaturas majoritárias petistas a governador e senador, sobretudo às da mencionada dobradinha da EM-PT. A votação na dobradinha da EM-PT acabou ajudando a eleger deputados petistas tanto para a Assembléia Legislativa Catarinense quanto para a Câmara dos Deputados, notadamente para garantir Dilma no 2º turno.
Merece atenção mais que especial a votação obtida em São Paulo pela dobradinha da EM-PT, a candidatura a deputado estadual do camarada que é coordenador nacional do Movimento Negro Socialista (MNS) José Carlos Miranda e da de deputado federal do vereador bauruense e membro da coordenação nacional do MNS, o camarada Roque Ferreira. Por quê? Porque além da política de colaboração com a burguesia do governo federal submissamente avalizada pela direção nacional do PT, o caso paulista da supremacia burguesa dos tucanos não ocorre por mera coincidência. Por isso sintomaticamente nenhum instituto de pesquisa quis identificar que seria o burguesão e mukala (branco) tucano o mais votado para senador.
Estou convencido que o propósito dos órgãos burgueses, que são os institutos de pesquisa, foi o de instigar a reação de classe da burguesia contra o candidato a senador do PC do B, devido à sua origem proletária de negro suburbano, a despeito de ele ter-se pequeno-aburguesado. Afinal, conforme ensinou o maior herói negro mundial o mártir internacional da Consciência Negra o líder sindicalista e socialista sul-africano Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977) "Racismo e capitalismo são os dois lados de uma mesma moeda". Haja vista, tal propósito da mukala burguesia foi bem sucedido, pois, das duas cadeiras de senador disputadas a mais votada foi a não-identificada pelos institutos de pesquisa, isto é, a do burguesão candidato tucano.
*jornalista - é militante do MNS onde integra sua coordenação nacional e também da seção brasileira da CMI a EM-PT no qual é membro do diretório municipal em Macaé.





 

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