Elogio presidencial às UPPs não torna popular a política estadual de Segurança Pública

Uma coisa é o presidente Lula (PT) tirar onda com sua merecida e alta popularidade. Outra coisa é ele elogiar as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na pretensão de transformar em popular a repressiva política de segurança pública praticada no Estado do RJ por seu aliado-burguês (por isto, indevido) o governador Cabral Fº (PMDB). Não por outra razão, nas comunidades pobres e majoritariamente negras do povo trabalhador fluminense onde a imprensa burguesa diz (sem provar) que as UPPs são bem-sucedidas, a política estadual de Segurança Pública é conhecida como a do Caveirão. Ou seja, mesmo sendo imediatista e específica tal política de Segurança Pública é baseada na repressão aos pobres e aos negros, sem reprimir os tubarões da indústria do narcotráfico.

Aliás, ao inaugurar no Rio de Janeiro nesta semana a feira de negócios de uma multinacional francesa de pneus, o presidente Lula não se fez de rogado, tecendo loas às administrações burguesas do governador Cabral Fº e do prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB, não fosse este o maior partido burguês brasileiro. Em outras palavras, o presidente é até ‘coerente’. Afinal, imagina onde iria parar sua alta popularidade, caso o que ele chama de governo de coalizão, ao invés de significar governar mais para a burguesia que para o povo trabalhador, fosse ao contrário? Daí, no mencionado evento o presidente Lula ter dito aos empresários “vocês deveriam aproveitar que o governador está aqui, para marcar uma ida às comunidades onde o estado se faz presente (se referindo às UPPs)”.     

Ainda segundo o presidente Lula, todo mundo está vendo que o estado fluminense, notadamente a capital Rio de Janeiro, não é mais o mesmo, estando em transformação para melhor. De acordo com ele, antes do governador Cabral Fº ninguém queria cuidar bem da Segurança Pública, o que para o presidente Lula essa parceria entre os governos federal, fluminense e carioca vem comprovar o acerto de sua política em comandar um governo de coalizão. De quebra, o presidente Lula enalteceu essa acertada parceria governamental, que seria a bem-sucedida política assistencial à saúde praticada pelos três governos, através das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Até agora foram inauguradas pela prefeitura carioca cinco UPAs, estando previstas outras 15, até o final de 2012.
Por fim, o presidente Lula ‘alfinetou’ os usuários do sistema privado de saúde (por conseguinte, os capitalistas do setor) ao afirmar que tais usuários são subsidiados pelo estado, porque têm seus gastos restituídos no imposto de renda. Contraproponho algumas medidas concretas à elogiada (pelo presidente Lula) política estadual de Segurança Pública. Preliminarmente, as UPPAs são uma forma emergencial, repressiva e imediatista - por conseguinte específica – de combate à criminalidade (homicídios, roubos, narcotráfico, etc). Só que baseada na concepção de repressão policial-burguesa de tolerância zero com pobres e negros. A que errônea, preconceituosa e discriminatoriamente se dizia nos meios policiais e marginais ‘pobre, preto e prostituta, até prova em contrário, são suspeitos de ser criminosos’.              

Haja vista, até o governador fluminense Sérgio Cabral Filho (PMDB) no primeiro ano de mandato em 2007 pisou na bola ao alegar que as mulheres pobres e negras das comunidades suburbanas é que estavam gerando marginais e bandidos. Então, contraproponho à suposta bem-sucedida política de Segurança Pública do governador fluminense, tão elogiada pelo presidente Lula: Reforma urbana e reforma agrária no caso desta com o imediato assentamento de 350 mil famílias de sem-terras junto com a titulação para aquelas remanescentes em quilombos e no caso das UPPAs que o foco delas deixe de ser apenas os pobres e os negros das comunidades onde estão instaladas, passando a combater como prioridade os tubarões da criminalidade como os da indústria do narcotráfico das áreas burguesas.

Almir Lima é jornalista, membro do DM do PT em Macaé, é militante do Movimento Negro Socialista (MNS) no qual integra sua coordenação nacional e da corrente intra petista, Esquerda Marxista.
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