Ou seja, estão sem a independência e a justeza das reivindicações classistas. Este é o debate que proponho, tendo como referência a fundação da CUT em agosto de 1983.
Por exemplo, em Macaé, antes da fundação da CUT, o sindicalismo e, por conseguinte os eventos alusivos ao 1º de Maio eram desenvolvidos pela concepção e prática dominantes na maior e principal categoria profissional de trabalhadores de então, os ferroviários. Nesta categoria havia o predomínio político do velho Partido Comunista Brasileiro (PCB) que era o fiel escudeiro nacional da política imposta mundialmente a ferro e fogo pelo secretário geral do PCUS o Partido Comunista da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o despótico e sanguinário líder erigido da burocracia do Kremlin, Josef Stalin. Por isso a política seja a sindical seja a partidária era de aliança com o imperialismo, em termos internacionais e com a burguesia em cada país.
Para se ter idéia, em Macaé o velho PCB apesar de ser hegemônico na categoria dos ferroviários, jamais praticou a independência de classe. Isto é, na política partidária sempre apoiou um ‘burguês bom’. O mesmo ocorria no meio sindical, embora usasse um discurso ‘radical de esquerda’. Ex: Nos eventos do 1º de Maio o palanque e o apoio logístico para o ato em praça pública eram fornecidos pelo tal ‘burguês bom’. Haja vista, durante a ditadura militar-fascista (1964-1985) em Macaé quase todos os prefeitos elegeram-se pela oposição burguesa MDB-PMDB. O que levou a Princesinha do Atlântico ser folcloricamente apelidada como ‘Moscouzinho’ ou ‘Pequena Cuba’. Ocorre que tais prefeitos não abriam mão de se pronunciarem nos atos do Dia Internacional dos Trabalhadores.
Daí que com a fundação da CUT os atos do 1º de Maio em praça pública deixaram de realizados com palanque oficial, assim como sem a participação da burguesia. Isso causou o afastamento dos mencionados ‘comunistas’ ferroviários e também de ativistas sindicais de outras categorias profissionais que são sectários na defesa da política de conciliação de classes sociais. O que levou ao esvaziamento de tais atos, a despeito da resistência dos ativistas e militantes da CUT. Por isso, não chega a ser surpresa que os eventos alusivos ao Dia Internacional dos Trabalhadores em Macaé tenham deixado de ser realizados em praça pública. Porque nem tudo são flores, isto é, mesmo corretamente filiadas à CUT há diretorias sindicais que se equivocam como a diretoria colegiada do Sindipetro-NF. A seguir.
Saiba porque a categoria petroleira não tem uma direção sindical cutista, coerente e combativa!
Sem o anacrônico propósito saudosista de voltar ao passado, esclareço: A estrutura sindical regional da categoria petroleira apesar de ser cutista, foi propiciada pela divisão do Sindipetro-RJ nos anos 90 quando um plebiscito na categoria aprovou a fundação do Sindipetro-NF. Desde então, o agrupamento que se mantêm dirigindo sua máquina (a maior de sindicatos de petroleiros da América Latina) o faz derrotando chapas de oposição sindical divididas. O que se agravou com o surgimento do minúsculo, sectário e esquizofrênico anticutismo praticado pela Conlutas. O pior foram os dois erros consecutivos das alianças feitas com tais anticutistas nas eleições de 2005 e 2008 pelo autêntico movimento oposicionista de bases ‘Organização de Luta e Energia Operária’ (OLEO).
No próximo ano ocorrerá eleição no Sindipetro-NF, por isto até lá se espera que o OLEO ao ter retornado às fileiras da CUT, volte a praticar a coerência e a independência de classe cutistas, constituindo uma chapa sindical sem os já mencionados divisionistas anticutistas, desapeando da poderosa máquina do Sindipetro-NF sua continuista, incoerente e equivocada diretoria colegiada. Para tanto, motivos não faltam. Ex: De 2003 a 2005 três diretores foram oportunistas ao acumular suas funções sindicais com gerências na Petrobrás. Já em 2007 uma diretora abandonou sua função para assumir um cargo no governo municipal em Macaé, que é dominado há 33 anos por uma burguesa oligarquia. Essa incoerência continua.
Ex: Em 2009 o Sindipetro-NF se equivocou ao bancar uma das chapas concorrentes na subseção local da OAB-RJ, só porque a candidata a presidente (que se elegeu) é advogada em sua assessoria. A incoerência e o erro ocorreram porque o candidato a vice-presidente é membro da Procuradoria do Município. Isto é, membro da máquina no governo da burguesa oligarquia local. Mais: Na última 2ª feira, dia 26 de abril a partir das 17,30 horas realizou-se no teatro do Sindipetro-NF a peça de Teatro do Oprimido “Diálogo: É conversando que a gente se entende” promovida pela Associação de Parentes e Amigos de Usuários da Saúde Mental (ASPAS-Macaé) que é uma dita Organização Não-Governamental (ONG) bancada pela prefeitura, apoiadora junto com o Sindipetro-NF do evento.
Ainda como programação alusiva ao 1º de Maio Dia Internacional dos Trabalhadores, 6ª feira, dia 30 de abril, realizar-se-á a partir das 21 horas na sede social do clube petroleiro Cidade do Sol o baile à fantasia “Divertindo a Cidade”. É promoção conjunta do Clube dos Empregados da Petrobrás (CEPE), empresas privadas dentre as quais um Shopping Center e órgãos da Prefeitura Municipal de Macaé como a Secretaria de Governo e a Subsecretaria de Comunicação Social. Conforme Marx ensinou “a História se repete como farsa, tragédia ou ambas”. Antes, eram os equivocados líderes ‘comunistas’ que levavam a categoria-vanguarda ferroviária a aliar-se à burguesia. Agora é a atual categoria-vanguarda petroleira que precisa resgatar os ideais de independência de classe do 1º de Maio e da CUT.
*jornalista – é militante da corrente interna petista, Esquerda Marxista, e membro do DM do PT em Macaé.