O movimento de mulheres negras que se denomina Observatório Negro realizou de 18 a 21 de março, na Ilha de Itamaracá, que se situa bem próxima à capital pernambucana Recife, o evento intitulado I Seminário de Mulheres Negras Nordestinas contra a Discriminação Racial na Mídia. De acordo com a responsável pela convocação do evento, Ângela Nascimento, que é dirigente das entidades nacionais de mulheres AMNB/CNDM ”Como produto final, o Seminário elaborou uma Agenda comum em torno de uma Rede Articulada de Monitoramento (sic) ao Racismo, buscando a construção de uma contracultura acerca da identidade da mulher negra”; declarou a feminista mulher negra.
Segundo ela, o evento visou aprofundar a discussão sobre os instrumentos de enfrentamento ao racismo e sexismo na Mídia, potencializado pelo órgão nacional (CONFECOM), quais os principais desafios e instrumentos de monitoramento que as organizações de mulheres negras vêm executando no nordeste brasileiro e a forma de qualificá-los pela dimensão de ação política e jurídica que envolve certos processos. Nascimento disse que participaram do Seminário 71 mulheres, sendo duas de cada estado nordestino, representando organizações distintas, além das representantes das organizações locais e de apoio como o órgão nacional de mulheres (UNIFEM) e as entidades também de mulheres WACC e CESE.
Movimento é mais um que aceita como ‘inexorável’ o capitalismo com suas mazelas racistas, sexistas e machistas!
Em outras palavras, tal movimento de mulheres negras é mais um entre a quase totalidade dos movimentos negros brasileiros a verberar hipocritamente combater o racismo, neste caso agravado por incluir um suposto combate ao sexismo machista, sem praticar o que é central (o combate ao capitalismo). Com certeza, tal movimento assim como a mencionada quase totalidade de movimentos negros foge como o diabo da cruz da célebre frase “Racismo e capitalismo são os dois lados de uma mesma moeda” do maior herói negro mundial, o mártir internacional da Consciência Negra, o sindicalista e líder socialista sul-africano Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977).
A frase é slogan do Movimento Negro Socialista (MNS) desde a fundação em 13/05/2006 em S. Paulo durante a 1ª reunião nacional, assim como foi reafirmada nas três reuniões nacionais anuais subseqüentes de 2007, 2008 e 2009, todas igualmente em SP. Neste ano de 2010 quando o MNS realizará a V Reunião Nacional provavelmente mais uma vez no mês de maio, inevitavelmente será pauta obrigatória a 1ª pré-candidatura da República brasileira de uma trabalhadora (a ministra Dilma Roussef). Daí ser oportuno propugnar as reivindicações do MNS para as negras e os negros entre o povo trabalhador no Brasil em relação às lutas anti-racista e também anti-sexista e machista.
Assim, o MNS internacionalmente deve propugnar: Um Tribunal autônomo para julgar os genocídios que ocorrem em diferentes países e regiões do continente africano, a libertação do jornalista e militante anti-racista o negro estadunidense Mumia Abul Jamal e reafirmar que a solidariedade humanitária que o povo irmão do Haiti necessita não é da ocupação militar dos soldados da ONU comandados pela tropa brasileira. Nacionalmente as reivindicações devem ser: Escolas e Universidades Públicas, Gratuitas e de Excelência na Qualidade para Todos e Todas, o mesmo a tudo relacionado à Saúde incluso os casos de calamidade social de anemia falciforme e a construção de creches em todas as comunidades e locais de trabalho o qual deve ser igual entre trabalhador e trabalhadora assim como o salário.
Também são reivindicações nacionais que o MNS deve propugnar: Reforma Agrária com o assentamento de 350 mil famílias de Sem-terras acrescidas das titulações às remanescentes em quilombos, aplicação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 através de professores graduados de todas as vertentes do pensamento didático-pedagógico e o fim do abrandamento da pena de cadeia através da apelidada injúria ‘racial’ na aplicação da Lei Caó (7.716/1989) cuja ocorrência do crime de racismo deve ser registrada nas delegacias de Polícia Civil e da Polícia Federal, cujos plantões de seus setores especializados devem contar obrigatoriamente no mínimo com advogado, antropólogo e sociólogo.
ornalista – é militante e membro da coordenação nacional do MNS.