Ostentação imperiosa da burrice transtornada que mexe na vista, remexe benquista, surfista na onda. Onda que leve meio veio e meio leve leve para outro meio. Couraça dura, impotente armadura.
Angústia aguda da solidão maior na experiência em cume do limite máximo de tensão. Anseio à tranqüilidade, menos perturbações no corpo e na mente, como o sono perfeito, sem traços de memória fixos, apenas o passar dos fenômenos, livremente soltos e compilados por ordem natural.
Terror noturno, pavor diurno, pânico constante, que não deixam meu espírito descansar em paz. Faltam motivos coerentes, consistentes, razoáveis que expliquem tal existência enganadora, sugadora de energia, ameaçadora. Se um dia a razão ao menos explicar a desrazão...
Silenciosas mágoas pelos erros não cometidos por outrem, que reviram e voltam sob a máscara da culpa de não se ser perfeita, gente lisonjeira. Repercussão do tal instinto competitivo, predador, fulminador, representante narcisista do individualismo capitalista, maratonista, corre corre seja o primeiro, o melhor, o Senhor, dominador, com viço e pudor.
Escalpelante dor de existir num meio rejeitante. Caí, não pude resistir. Sofro de novo por viver, nem tive o que escolher. Lançaram-me ao mundo, tão cruel, sinistro e infiel. E ainda procuro pontas por segurar, em tão liso, escorregadio e queimante abismo. Vida em fio, que só me causa arrepio. Sinto os demônios em minhas veias, circulando pelos meus membros e exigindo desgraças.
Espíritos ficaram a rir de mim, fazendo-me uma piada e impediram-me dormir. Somente na madrugada eles cansaram e me ensejaram faíscasde tranqüilidade. Então adormeci. Aleluia!
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Tania Montandon
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