O sentimento, muito forte, que há entre os consortes desse empreendimento é que somente com a formação de um leque de forças políticas irmanadas nesse ideário será possível superar o capitalismo, numa ótica internacionalista e voltada para construir as bases do socialismo do Século XXI, teoria que vem sendo levantada pelo professor alemão Hans Dietrich Stefan, ex-conselheiro de Hugo Chávez. Mas não há, nessa proposta, nenhuma tentativa de transplantar as experiências das Internacionais anteriores, nem de negar a significativa contribuição dos primeiros esforços socialistas para a emancipação da classe trabalhadora. Destarte todo esse conjunto, a novidade de então é a convicção de que os rumos para se alcançar a sociedade socialista passam pelo cumprimento dos próprios passos característicos de nossa época entre os quais o tema da questão nacional, a multipolaridade, a igualdade social e a necessidade da integração regional, além das dificuldades e alternativas que a atual fase de enfrentamento ao capitalismo pode fornecer. A Internacional de hoje pretende, sem deslegitimar a contribuição dos partidos e a importância que eles têm, ter uma base mais próxima dos movimentos sociais de inspiração marxista-leninista do que dos próprios partidos envolvidos no processo de edificação da 5ª Socialista. Isso porque se consolidou mundialmente a militância do terceiro setor e de ativistas envolvidos na luta política, que não são, a priori, oriundos do proletariado que passa, aliás, por profundas reformulações desde que Karl Marx lançou seu Manifesto Comunista. Há nessa nova militância uma capacidade espontânea interessante que precisa ser valorizada, politizada e aproximada do ideário socialista.
Ainda persistem alguns temas cruciais para a emancipação humana, tais como a tomada do poder revolucionário ou a implementação de medidas para a superação das desigualdades entre a cidade e o campo; combate ao analfabetismo em massa e a secular opressão da mulher - compromissos que tanto a liderança de Lênin quanto o governo de Stalin souberam resolver com histórica rapidez graças à abnegada contribuição do povo, sob uma orientação coletiva uníssona que levou ao sucesso econômico da URSS -União das Republicas Socialistas Soviéticas, então principal obra produzida no bojo da edificação das Internacionais Socialistas. Com o lançamento da 5ª Internacional, essa agremiação não terá as mesmas funções das 1ª, 2ª e 3ª Internacionais de impor ações imediatas aos países aderentes, mas funcionará como um grande colegiado de trocas de experiências e intercâmbio de informações táticas e estratégicas para a superação do capitalismo. A longo prazo, terá funções de orientação no campo da execução orçamentária de políticas públicas voltadas para a promoção do desenvolvimento social, e, é claro, a comunhão de leituras do estágio político em que se encontra a perspectiva socialista. No geral, em que pese a histórica importância dessa 5ª Internacional Socialista, ela servirá basicamente para impulsionar as formações de novas gerações de combatentes políticos e também como um grande celeiro de consulta das ações, programas e alternativas para o avanço da luta socialista no quadro da atual crise do neoliberalismo. Todavia, como processo que se inicia, é possível que outros elementos de análise venham a aumentar o grau de atuação da 5ª Internacional Socialista, mas por ora, é absolutamente certo que a contribuição de seus membros, lutadores e simpatizantes irá moldar e deixar mais em evidência quais as caracterizações que esta iniciativa poderá nos trazer.
Alexandre Braga é dirigente da UNEGRO-União de Negros Pela Igualdade, diretor do CEBRAPAZ-Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz e ativista pro construção da 5ªInternacional Socialista.
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