O que fez com que a agremiação ficasse em 2º lugar a exato um ponto da campeã, o Salgueiro.
Leve-se em conta, desde o Carnaval 2007 sob o enredo “Áfricas, do berço real à corte brasiliana” que a Beija Flor não obtém nesse quesito a unanimidade de notas 10 dos jurados da LIESA. Isso mostra que em 2008 sob o enredo “Macapaba: Equinócio Solar, viagens fantásticas ao meio mundo” e em 2009 sob o enredo “No chuveiro da alegria quem banha o corpo lava a alma na folia” a decantada Comissão de Carnaval da Beija Flor deu sinais de que já não era tão eficiente assim, em relação aos propósitos de hegemonia e a conseqüente manutenção do domínio da agremiação de Nilópolis no Carnaval carioca. Não obstante em 2008 e em 2009 a Beija Flor ter conquistado unanimidade de notas 10 dos jurados da LIESA no quesito samba-enredo; com o que concordei, enfatizo de passagem.
Isso não ocorre com a nota 9,7 que atribuo ao samba-enredo 2010 da agremiação “Brilhante ao sol do no mundo, Brasília do sonho à realidade, a capital da esperança” dos compositores Picolé da Beija Flor, Serginho Sumaré, Samir Trindade, Serginho Aguiar, Dilson Marimba e André do Cavaco. O samba tem qualidade em letra e melodia, porém tem uma ‘complicada’ erudição no refrão “Ah! Terra tão rica é o sertão/Rasga o coração da mata desbravador!/Finca a bandeira nesse chão/pra desabrochar a linda flor”. Por isso não creio que os jurados da LIESA darão nota máxima unanimemente. Aliás, não será surpresa caso o desfile da agremiação acabe prejudicado por não conseguir retratar o enredo homenageando Brasília, sem exibir no quesito alegorias & adereços, nada da realidade de corrupção.
Haja vista, o alerta dado pelo ex-carnavalesco da agremiação, Joãosinho Trinta, quando declarou à imprensa “Os dirigentes da Beija Flor estão errados se não mostrarem nada da corrupção em Brasília; basta mostrar panetones gigantes, que já diriam tudo”. O carnavalesco declarou isso em alusão à desfaçatez do governador brasiliense, que ao ser flagrado em vídeo recebendo em mãos uma dinheirama como corrupção, disse que aquilo seria para compra de panetones para os pobres. Assim, se por um lado a conquista do rico patrocínio do governamental representou vencer a concorrência de agremiações co-irmãs. Por outro lado, caso não volte a ser campeã em 2010, isso além de selar o fim do domínio da agremiação, pode causar crise, erigindo mazelas de seus membros até então não divulgadas.
Exemplos para isso estão em pelo menos dois casos. Em um, ainda que ele tenha conquistado o cargo de prefeito de Nilópolis pelo voto popular, o presidente executivo da Beija Flor cumpre o papel de ‘rainha da Inglaterra’ uma vez que de fato ali quem manda é o irmão dele, o presidente de honra da agremiação, que é contraventor do jogo do bicho. Já o outro caso é o do intérprete oficial da Beija Flor, que há alguns anos é funcionário fantasma (e não concursado) da prefeitura de Macaé onde – segundo fontes – em 2009 foi elevado ao status de Subsecretário Municipal de Eventos. Em outras palavras, esses fatos ainda não divulgados de se usar a agremiação para indevidos fins políticos, somados a um hipotético malogro da Beija Flor em 2010, pode dar significado ao título deste texto.
*jornalista – enquanto amante de Carnaval, sambas-enredo e das agremiações, é torcedor da Portela.