Assim, excetuando injustificada idolatria à excessiva vaidade artística, personalismo e autoritarismo do mencionado ícone da MPB que se sobrepôs à Vila quando ganhou o concurso sem concorrer com os craques da ala de compositores da agremiação; não vejo sentido atribuir nota máxima (10) ao mencionado samba-enredo. Haja vista, seu grave erro de ter apenas um refrão, que é longo, em comparação com os demais – todos na forma correta de dois refrões formados por quadras em versos, separando as duas partes da letra. Ademais, no concurso da Vila Isabel o samba de autoria dos compositores Miro Júnior, Eduardo Katata, Dedé Aguiar e Ivanisia além da forma correta da letra, tinha melodia melhor que o samba composto personalistamente por Martinho da Vila. A seguir as notas.
Salgueiro – atribuo nota 9,3 ao samba-enredo “Histórias sem fim” dos compositores Josemar Manfredini, Brasil do Quintal, Jassa, Betinho do Ponto e Fernando Magaça. É mantido o equívoco de se confundir simplismo com simplicidade em letra e melodia. A criação do enredo é do carnavalesco Renato Lage. A voz é do intérprete oficial Quinho. Apelidada ‘Furiosa’ a bateria (nota 10) tem no comando a batuta do mestre Marcão.
Beija Flor – atribuo nota 9,7 ao samba-enredo “Brilhante ao sol do Novo Mundo, Brasília do sonho à realidade, a capital da esperança” dos compositores Picolé da Beija Flor, Serginho Sumaré, Samir Trindade, Serginho Aguiar, Dilson Marimba e André do Cavaco. A complicada erudição da letra e da melodia do 2º refrão impede a costumeira nota máxima. A criação do enredo é da Comissão de Carnaval da agremiação. A voz é de Neguinho da Beija Flor. A bateria (nota 10) tem no comando as batutas dos mestres Plínio e Rodney.
Portela – atribuo nota 9,9 ao samba-enredo “Derrubando fronteiras, conquistando liberdade... Rio de paz em estado de graça” dos compositores Ciraninho, Rafael dos Santos, Diogo Nogueira, Naldo e Júnior Escafura. O samba tem excelência na qualidade. Só não tem a nota máxima pelo mercantilismo de trocar o verso “faz da criança um cidadão pro futuro para Positivo (marca de computador) da nação”. A criação do enredo é dos estreantes carnavalescos Alex Oliveira e Amauri Santos. A voz é do intérprete oficial Gilsinho, um dos melhores. Falta somente ele saudar como nota 10 a ala de compositores e a bateria-orquestra Tabajara sob a batuta do jovem-maestro mestre Nilo Sérgio.
Vila Isabel – atribuo nota 9,6 ao samba-enredo “Noel: A presença do poeta da Vila” do compositor Martinho da Vila. Assim, mantenho a nota que havia atribuído ao samba, quando ocorreu o concurso na quadra da agremiação. A criação do enredo – aliás, sugerido por Martinho da Vila – é do carnavalesco Alex de Souza. A voz é do intérprete oficial Tinga. Apelidada de Suingueira a bateria (nota 10) tem no comando a batuta do estreante (ex-Império Serrano) mestre Átila.
Grande Rio – atribuo nota 9,5 ao samba-enredo “Das arquibancadas ao camarote nº 01. Um ‘Grande Rio’ de emoção na apoteose do seu coração” que é a junção de dois sambas das autorias dos compositores Barbeirinho, Mingau, G. Martins, Arlindo Cruz, Emerson Dias, Levi Dutra, Carlos Sena, Chico da Vila, da Lua, Isaac, Rafael Ribeiro e Juarez Pantoja. O samba acabou sendo um mostrengo. Isto é, apesar de boa a melodia não acompanha a excelência da letra. A criação do enredo é do carnavalesco Cahê Rodrigues. A voz é do intérprete oficial Wantuir. A bateria (nota 10) tem o comando da batuta do mestre Ciça.
Mangueira – atribuo nota 9,4 ao samba-enredo “Mangueira é música do Brasil” dos compositores Renan Brandão, Machado, Paulinho Bandolim e Rodrigo Carioca. O samba - a exemplo do samba do Salgueiro, é confundido simplismo com simplicidade em letra e melodia. O enredo criado pela carnavalesca Márcia Lávia, que se demitiu do cargo, foi assumido pelos carnavalescos Jorge Caribé e Jaime Cezário. Louvável a inovação das vozes em jogral dos intérpretes Rhychahs, Zé Paulo Sierra e Luizito. Este, entretanto, além de não ter gogó para ser o sucessor do saudoso mestre Jamelão, acrescentou outra arrogância à ‘Escola mais querida do planeta’ com ‘É surdo um Mané’. Isso expõe ainda mais a errônea marca registrada da bateria da agremiação agora comandada pelo mestre Jaguara Filho, que é monopolizar os sons dos surdos dois e três no surdão, isto é, no surdo um.
Imperatriz – atribuo a nota máxima (nota 10 com louvor de melhor de todos) ao samba-enredo “Brasil de todos os deuses” obra-musical dos compositores Jeferson Lima, Flavinho, Gil Branco, Me Leva e Guga. O samba é um clássico e magistral samba-enredo com a fulgurante cadência e ritmo do Candomblé, com as quais o samba tem mesmo tudo a ver. O enredo é de criação do carnavalesco Max Lopes. A voz é do intérprete oficial Dominguinhos do Estácio. O qual abrilhanta o show e o desempenho da bateria (nota 10) comandada pela batuta do jovem mestre Marcone.
Viradouro - atribuo nota 9,3 ao samba-enredo “México, o paraíso das cores sob o signo do sol” dos compositores Floriano do Caranguejo, Gustavo Marbella e Sacadura Cabral. O samba tem letra que descreve bem o enredo de criação dos carnavalescos Edson Pereira e Júnior Schall, porém, a melodia (com as exceções dos dois refrões) não tem a mesma qualidade. A voz é do intérprete oficial Wander Pires. A bateria (nota 10) é comandada pela batuta do mestre Jorjão.
Unidos da Tijuca – atribuo nota 9,4 ao samba-enredo “É segredo” dos compositores Júlio Alves, Totonho e Marcelinho Calil. O samba tem letra que dá boa idéia do significado do enredo de criação do carnavalesco Paulo Barros (de volta à agremiação onde se consagrou como ‘mago’). Porém, a letra e a melodia não têm qualidade de excelência, a despeito do batuque do arranjo-musical de introdução ser o melhor de todos. Isso graças à marca registrada de pura cadência (nota 10) da bateria comandada pela batuta do mestre Casagrande.
Porto da Pedra – atribuo nota 9, 1 ao samba-enredo “Com que roupa... Eu vou? Pro Samba que você me convidou” dos compositores Bira, Porkinho e Heitor Costa. O samba cuja nota atribuo conquanto seja a menor, até que tem letra descrevendo corretamente o enredo de criação do carnavalesco Paulo Menezes. Porém, a melodia com a exceção do 1º refrão, não está à altura de uma agremiação cujo símbolo é um poderoso tigre; a despeito da bela voz de cantor do intérprete oficial Luizinho Andanças. A bateria é comandada pela batuta do jovem mestre Thiago Diogo.
Mocidade – atribuo nota máxima (nota 10) ao samba-enredo “Do paraíso de Deus ao paraíso da loucura, cada um sabe o que procura” dos compositores J.Giovanni, Zé Glória e Hugo Reis. O samba tem letra e melodia de excelência na qualidade, que descreve e embala o enredo de criação do carnavalesco Cid Carvalho. Haja vista, o gogó do intérprete oficial David do Pandeiro, sobretudo o costumeiro desempenho da mais magistral das baterias agora sob o comando da batuta do mestre Berreco.
União da Ilha - atribuo nota máxima (nota 10) ao samba-enredo “Dom Quixote de La Mancha, o cavaleiro dos sonhos impossíveis” que é uma bem sucedida junção de dois sambas das autorias dos compositores Grassano, Gabriel Fraga, Márcio André Filho, João Bosco, Arlindo Neto, Gugu das Candongas, Marquinhus do Banjo, Barbosão, Léo da Ilha e Ito Melodia. Este, por sinal, é também o intérprete oficial da agremiação. A letra e a melodia do samba caracterizam a excelência na qualidade do belo enredo de criação da consagrada carnavalesca Rosa Magalhães. A bateria é comandada pela batuta do mestre Riquinho.
*jornalista – enquanto amante de Carnaval, sambas-enredo e das agremiações é torcedor da Portela.