Nosso despreparo não se dá apenas na falta de fiscalização e na convivência quase natural com ocupações e construções irregulares, verdadeiras tragédias anunciadas. Dá-se, também, na ausência de uma rede de defesa civil que mereça esse nome nos níveis municipal, estadual e nacional; na falta de obras de infraestrutura para evitar novos desastres; e na total conivência do poder público com a ação ilegal de empresas particulares e às vezes dele próprio com atividades predadoras e destruidoras da natureza.
A natureza não perdoa
Esta não perdoa e cobra de volta seu espaço no caso dos rios, ou simplesmente desmorona como nas encostas dos morros ocupados sem obras preventivas. Cobra irremediavelmente obras de infraestrutura para devolver aos rios suas várzeas e para desocupar ou corrigir as ocupações irregulares em áreas de risco que precisam ser desalojadas, o que não acontece ou anda a passos de tartaruga.
Basta viajar por nossas estradas e andar pelas nossas cidades para ver a ausência de obras de prevenção e segurança. Daí a constante queda de barreiras nas estradas e as inundações nas grandes cidades e até em nossas pequenas comunidades, como em São Luiz do Paraitinga (SP), embora este caso configure uma exceção - o transbordamento do rio Paraitinga devido às chuvas excessivas do verão.
Mesmo nesse caso, são tragédias previsíveis e como os demais desastres naturais, na maioria das vezes, são obras exclusivas da imprevidência humana e descaso público.