O NATAL DE DONA YVONE

UM TRECHO DE MINHA VIDA

Era impressionante o entusiasmo com que a minha mãe preparava a nossa árvore de Natal, com uma enorme e contagiante felicidade. Ao concluí-la, colocava na vitrola um disco de músicas natalinas que tocava direto, de dezembro a fevereiro, quando era substituído por um outro - com as músicas do carnaval que estava para chegar. Aí, continuava a festa!!!

A história começava com o seguinte grito de guerra: - Zé Luiz, coloca o pinheiro para dentro de casa!!! Era um pinheiro de verdade, com quase dois metros de altura, que ficava repleto de bolas, pingentes, algodão imitando neve, e lâmpadas coloridas que brilhavam e piscavam em uma grande festa!!! Graças a Deus, nunca faltaram presentes ao pé daquela reluzente e generosa árvore. Tomara que, onde quer que a minha mãe esteja, continue armando as suas árvores e presenteando as pessoas com a mesma felicidade e generosidade de quando estava entre nós. A época natalina, em seu coração, foi sempre uma data muito festiva e repleta de alegria, a nossa casa vivia acesa e piscando!!! E tome disco na vitrola!!! Que ela possa receber, como um antecipado presente de Natal, esta minha carinhosa recordação. Sei que, se tivéssemos no coração, ao início de cada dia, a presença desse espírito tão maravilhoso e festivo, o mundo seria um lugar bem mais fácil de se viver. Mas, a vida com a sua pressa cruel e gananciosa, não deixa vingar tantas coisas boas que poderiam mudar muitas histórias, os OLHOS DE VER demoram muito a alcançar a alma de algumas pessoas.

E foi em uma dessas manhãs de Natal que encontrei, ao pé da generosa árvore, o meu primeiro equipamento de mergulho: pés de pato, respirador e máscara, todos de um azul bem clarinho e no tamanho exato para um garoto fã do MIKE NELSON, como todos aqueles outros moleques que não perdiam um capítulo de AVENTURAS SUBMARINAS – em tempos de televisão de válvula!!!  

Graças a esse primeiro equipamento (que ao longo do tempo foi sendo substituído por outros) é que a nossa mesa sempre recebeu peixes pescados em maravilhosas aventuras sob as águas que rodeavam o Farol Velho. Valeu mãe, saudade da sua maionese de lagostas, da coca-cola de garrafa, da velha vitrola, dos ensaios de carnaval, do botafogo campeão, e de nossa família reunida nos dias de domingo. Beijão!!!

Izio Enco

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