A MÍDIA BURGUESA

Atualmente, a sociedade brasileira vive um momento de profundo desconhecimento de causas, alimentado pelo massacre implementado pela mídia. Se nos fazem crer em algo, este algo seria um tanto místico, supersticioso, sobrenatural, caído do céu, ou simplesmente algo surgido ao acaso. A imprensa burguesa dominante, como um todo, serve a classe dominante e utiliza variadas formas de manter um completo conformismo nas massas populares. Certos programas de TV (entretenimento), seus jornalistas e apresentadores, demonstram uma postura totalmente fora da realidade do povo e, em muitos dos casos, contribuem para a crescente criminalização dos movimentos sociais, atualmente em voga.  Vejamos em novelas: conflitos, invejas, traições, interesses, vinganças, assassinatos, competições. Além do fato de cultuar sempre um estilo de vida ideal, de classe média, classe média alta, como se a economia vigente (economia de mercado e desigual) criasse essa condição. Além do mais, que classe ideal é essa que vive em condomínios, cercados em um mundinho fechado, com cercas eletrificadas, vigias de rua e segurança particular? “Pobre” classe média! Ao mesmo tempo em que teme as crises econômico-financeiras e seu conseqüente declínio, sonha, por outro lado, com esse estilo burguês de vida, acumulando seu capital e dando continuidade a sua formosa célula familiar, distante do restante da sociedade.

E todo este massacre que me referi serve principalmente para manter a classe dominante no poder. Pois para ela, não interessa, por exemplo, entendermos o porquê das greves, qual sua origem, qual seu intuito, por que ocorrem ainda hoje. Talvez interesse a classe dominante, composta de burgueses, latifundiários e todos os seus lacaios dos parlamentos (federal, estadual e municipal) mostrar nos jornais e na televisão que: “tal greve terminou em pouco tempo de atuação, graças aos acordos e negociações, e agora tudo voltou à tranqüilidade”. Quando há greves no setor de transportes, por exemplo, a imprensa burguesa e anti-povo diz o seguinte:“ a população fica prejudicada com a falta de transportes”. Daí escolhe alguém que condiz com suas idéias, realiza a entrevista e assim encerra sua “gloriosa e rica” matéria, completando, assim, a posição que deseja passar. Que posição é esta senão uma posição de classe? Uma outra comprovação desta posição de classe é que os próprios órgãos do governo, como o TRT, se lançam contra o trabalhador, aplicando severas multas aos sindicatos, que ainda por serem sindicatos aparentemente trabalhistas, também assumem uma postura vendida, ao lado da patronal. Tais sindicatos também são chamados sindicatos amarelos, e que, na verdade, são contra os trabalhadores. Ou seja, todo um jogo com estratégias. Quem mantém o sindicato? Quem contribui? E no final, quem saiu perdendo? E a patronal, como sempre, saiu lucrando. Ela mesma provoca toda a situação (más condições de trabalho, atraso no pagamento, pouca bonificação, falta de reajustes), provoca as greves, e o juiz do jogo (TRT), decide o pênalti a favor de quem? Obviamente de quem a sustenta no poder.

Pois então, somente com este exemplo de greve, abrimos um pouco este leque de informações. É claro que expus alguns detalhes e não todos. E quantos outros exemplos não poderíamos citar e que a mídia burguesa omite, deturpa, mente, mostrando sempre que está informando tudo o que se passa no mundo, como se o acúmulo quantitativo de informações fosse o suficiente. Ora, percebam se não é verdade. E quando mostram uma reportagem mais detalhada, é algo dos mais degeneradores da sociedade. Casos de morte dos mais diferentes motivos, estupro, ciúmes, fofocas. E a explicação das origens desses problemas? Não se comprometem em explicar. Mas para passar o tempo, entreter, jogar dinheiro para o público, como o faz Sílvio Santos, aí sim. Isso é legal! Caros leitores, nossa cabeça não é lixo. A humanidade teria condições de avançar muito mais se não fosse todo esse vômito que a imprensa burguesa nos lança.

E quantos outros exemplos não poderíamos citar? Ora, são tantos. Vamos citar a propaganda atual da redução do IPI. Será que é pura e simplesmente para o consumidor “aproveitar e economizar”? Por que, coincidentemente, esta redução de IPI surgiu com o desenrolar da crise mundial capitalista? Será que só tem a ver com o cliente? Será que a adoção desta política econômica não é uma forma de assegurar os lucros dos empresários do comércio? Será também que não foi uma forma de adiar a chegada inevitável da crise para os referidos comerciantes? Ou seja, a mídia coloca que esta medida (redução do IPI) surgiu para o bem-estar do bolso do cliente. O que significou esta redução de gastos dos clientes senão, primeiro, a redução de gastos do comerciante? Uma coisa refletiu em outra. Se o empresário (comerciante) não fosse beneficiado primeiro, sem dúvida nenhuma o cliente (consumidor) também não seria.

Então poderíamos admitir o caráter mentiroso desta mídia burguesa. E mais: passam a informação de uma forma incompleta, o que nos leva a concluir que se trata de uma INFORMAÇÃO DESINFORMADA, pois não revela todos os fatos e toda a verdade da informação. Talvez os adeptos da globalização devessem admitir uma coisa: o intenso fluxo de informações fez perder totalmente o caráter qualitativo das mesmas, não se preocupando mais do que uma exagerada quantidade. E quando se preocupa em detalhar algum tipo de assunto, é sempre com um determinado “cuidado”, fomentando divisões de opiniões (e não formando opiniões), dificultando um consenso entre todos, impossibilitando o encontro com a verdade, e como conseqüência maior, fragmenta ainda mais a população.

Resumindo, é como foi dito no primeiro parágrafo. Esse “profundo desconhecimento” é, em boa parte, culpa do papel da mídia burguesa que, invariavelmente, joga no time da classe dominante. E não interessa a ela perder o tempo de explicar um determinado assunto de forma esclarecida e científica, salvo em raras exceções. Talvez seja por causa da tão famosa globalização, a velocidade das informações, pois tempo é dinheiro, não é verdade? Talvez não. Por que não consideraríamos que o tempo não seria a garantia deste dinheiro? O que garante que esta “informação desinformada” e sua conseqüente alienação do povo, não seja a condição da eternidade daqueles que estão lá no poder? Afinal de contas, se falamos em capitalismo, nos referimos a um determinado modo de produção que vigora atualmente na sociedade. Referimos-nos também àquele proprietário particular de um determinado meio de produção. E o que represente a mídia e toda a imprensa burguesa, senão uma propriedade de poucos? E, se os que estão no poder, representam esta classe de possuidores, ou são diretamente, não fica difícil entender porque esta classe zela por sua eternidade.

Magno Moreira
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