Saudades de um tempo em que "pé-de-meia" não era assim, tão literal

Mensalões podem até ser pragas tão antigas quanto a esquadra de Cabral. Contudo, na últimas duas décadas, tornaram-se as mais temidas mazelas para os nossos políticos. Temidas... e irresistíveis! Sabe como é, não é, caro leitor? O ilícito, muitas vezes, desperta, sobretudo nos políticos, o que Roberto Jefferson bem chamou de "os instintos mais primitivos".

Ocorre que nenhum dos recentes escândalos - o mensalão dos aloprados petistas ou o mensalão mineiro de Azeredo - foram tão eloquentes, flagrantes e contundentes como o de Arruda e sua patota. A orgia com dinheiro vivo, o estupro coletivo aos cofres públicos... tudo nesse novo episódio é tão explícito, que consegue escandalizar mesmo raposas velhas e já desavergonhadas do Planalto Central.
 
Segundo Arruda, a culpa agora pode ser, quem sabe, do aparelho de gravação, que esquentou demais, esfriou demais... enfim, gravou demais. Pelo espalhafato verborrágico de sua excelência, estamos diante do mais novo avanço audiovisual: um equipamento que, esquentando e esfriando, cria holografias, espectros espertalhões, fantasmões muito vivos... e dinheiro mais vivo ainda, como só se vê em grandes tesourarias.
 
E a oração dos mensaleiros distritais então, em agradecimento ao milagre da multiplicação dos panetones de massa podre e fruta azeda? Questões de fé e de religião à parte, são algumas das mais bizarras cenas desse show de horrores. Repararam o ato "falho" do corregedor da Câmara e pastor da Igreja do Mensalão dos Últimos Dias, Júnior Brunelli. Disse ele: "Pai, eu quero te agradecer por estarmos aqui. Sabemos que nós somos falhos, somos imperfeitos, mas é o teu sangue que nos purifica de TODO BEM".
 
De todo bem, pastor?! Não seria "de todo mal"?
 
Enquanto isso, com aquele olhar torto de presa encurralada, Arruda acha que tudo não passa de orquestração, revanchismo político, manifestações daquilo que define como uma "herança maldita" do governo anterior. Governo anterior, a propósito, daquele que Arruda chamaria de a "peste" Joaquim Roriz. O mesmo Roriz que foi determinante para a primeira eleição de Arruda ao senado, em 1994, então pelo PP.
 
A propósito, em 2006, mais precisamente no mês de setembro, ao fim do tal maldito governo anterior, a Secretaria de Estado da Fazenda do DF realizava pregão eletrônico cujo edital, entre outros itens, previa a compra de meias sociais masculinas pretas: 180 pares, do tamanho 37 ao 45, a um custo total de R$ 900. Isso é a verdade, conforme o edital PE 308/2006.
 
Agora, como tudo nessa história, de tão absurdo, beira a ficção, dizem que as tais meias contariam com reforço nas canelas. Não se sabe ao certo se para amealhar mais numerário... ou para ajudar na corrida.
 
E pensar que, em outros tempos, a expressão "pé-de-meia" não era assim, tão literal.
 
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