Quero denunciar que o Exército suspendeu a pensão da minha mãe de 77 anos.
Pensão que ela tem direito, não é um favor, meu pai descontou para que ela tivesse esse benefício durante toda sua carreira militar. Mesmo assim suspenderam a pensão fazendo com que minha mãe passe por constrangimentos, como cheques devolvidos e o não pagamento do seu seguro saúde. Num momento bem difícil quando ela está com uma grave peneumonia. Ela não utiliza o HCE (Hospital Central do Exército) mas, desconta todos os meses por esse benefício. Mas nunca utilizou, porque lá encontra filhos e até alguns de seus torturadores e assassinos de seu marido. A última vez que estive lá com ela, tive que falar com o Diretor (Coronel Melo) e mesmo assim de nada adiantou. O tratamento foi quase um deboche.
Minha mãe continua sendo punida de forma violenta pelo crime de ser a viúva do meu pai. E, também por ser minha mãe. Porque tenho uma atividade política que se intensificou com o golpe de Honduras, quando passei a prestar toda minha solidariedade e ajuda a RESISTÊNCIA hondurenha contra o golpe. E, também porque defendi uma tese de doutorado na USP sobre a Operação Condor. Isso é uma covardia sem tamanho. Ela não tem sequer um túmulo para chorar por seu marido, nunca devolveram o corpo do meu pai. Ela não pediu nenhuma indenização milionária e ainda sempre ajudou alguns familiares de desaparecidos que ficaram sem nada. Com essa pensão ela ajuda alguns ex-companheiros.
Eu Acuso a Omissão da sociedade brasileira contra os crimes cometidos contra as viúvas do Major Cerveira e do Capitão Lamarca pelo simples fato de seus maridos terem cumprido o juramento de honra de todo militar que é o de defender a Constituição e a Democracia.
Se todo esse transtorno levar minha mãe a morte quem pagará por mais esse crime contra nossa família? Isso não acaba nunca não é porque somos revanchistas é porque eles, os criminosos é que são revanchistas. está havendo uma inversão de valores, TRAIDORES foram os que deram o golpe, mataram, torturaram mulheres e crianças. Mas, quem continua sofrendo punição são as vítimas.
Drª Neusah Cerveira