Ao decorrer da história, o saber e o saber-fazer produzidos pelos povos primitivos e leigos foram desqualificados, mistificados pelo poder das elites, gradualmente até chegar ao excesso atual, persuadindo a comunidade de que só o saber científico, acadêmico, que dá status funciona e de que se precisa depender deles para tudo a fim de manter o coletivo alienado e mais facilmente manipulável.
A divisão social e técnica do trabalho e do saber consiste em separar e colocar escalas de valores entre tarefas corporais e intelectuais, tarefas do campo e da cidade, tarefas masculinas e femininas, etc. e consequente subordinação de uns a outros e frequentes abusos conforme a valoraçãodominante estipulada, detentora dos recursos, o que gera constantes conflitos e fez surgir a necessidade e utilidade do movimento instituinte. Este aparece através das atividades críticas, inventivas e transformadoras, parte do devir das potências e materialidades sociais para a otimização das organizações.
Os propósitos da Análise Institucional apóiam-se fundamentalmente nos processos de autogestão e auto-análise, o fazer consciente dentro do possível a cada ato do cotidiano e a busca constante dessa consciência com o objetivo de se ser produtivo e "vacinado" contra os abusos de poder, alienação, manipulação.
Embora aparentemente simples, o grau de sua complexidade é proporcional à sua flexibilidade e expectativa de possibilidades e limitações imprevisíveis inéditas, ousando arriscar na aposta da invenção de soluções a qualquer tempo e lugar. Não há relação alguma com anarquia de técnicas, mais ao contrário, demanda um senso de curiosidade e estudo amplo e constante do máximo de técnicas e teorias possíveis para que haja uma preparação satisfatória pra tal arriscado campo prático.
Tania Montandon
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