Atribuo nota 9,7 à letra e à melodia do samba dos compositores de Macaé. Embora eu considere que o perfil-histórico dos sambas-enredo do Salgueiro se caracterize por sambas simplistas (pouca elaboração em letra e melodia). Haja vista, não atribuo notas 10 aos dois últimos sambas-enredo campeões da agremiação. Ou seja, o de 2009 intitulado ‘Tambor’ atribuo nota 9,8 e o de 1993 intitulado ‘Peguei um ita no norte’ atribuo nota 9,9. Em relação à letra, por exemplo, o samba dos compositores de Macaé devido à sua pouca elaboração, não tem a referência direta sobre a expressão ‘histórias sem fim’ que é o título do enredo. Já a melodia seria melhor, caso a interpretação fosse de um profissional e a performance da bateria fosse a nota 10 do Salgueiro.
Por exemplo, o samba com inscrição nº 21 é interpretado Luizinho Andanças o intérprete oficial de Porto da Pedra. Dono de um vozeirão de cantor profissional, ele acaba abrilhantando o samba de co-autoria do trio (Dudu Botelho, Marcelo Motta e Luiz Pião) vencedor em 2006 com o samba-enredo ‘Candaces’ e do samba-enredo do Carnaval 2008 ‘O Rio de Janeiro continua sendo’ambos do carnavalesco Renato Lage. Desta vez, a esse vencedor trio se uniram os compositores Anderson Benson e Roberto Zuk. Atribuo nota 9,9 (10 à letra e 9,9 à melodia) a esse samba que concorre como um dos favoritos. Este é o caso de um samba cuja gravação é otimizada pela performance da bateria nota 10 regida sob a batuta do mestre Marcão.
Já o samba nº 13 é interpretado por Nêgo o intérprete oficial do Império Serrano, sendo outro caso de gravação em que a qualidade é otimizada pelas performances notas 10 do intérprete e da bateria. Este samba ao qual atribuo nota 9,9 (9,9 à letra e 9,9 à melodia) é de autoria dos compositores Miudinho, Isaías Anaanatur, Moisés Santiago e Paulo Shell. Santiago e Shell também são co-autores do samba-enredo campeão do Carnaval 2009 ‘Tambor’ cuja criação é do carnavalesco Renato Lage. Abro parêntese: O título do Salgueiro em 2009 foi justo. Mas, os jurados da LIESA foram incoerentes, pois, deram quatro imerecidas notas 10 ao samba-enredo ‘Tambor’ (eu atribuí nota 9,8) e apenas duas ao enredo. As outras duas foram notas 9,9 e 9,8.
O samba nº 03 tem como intérpretes Igor Vianna, Marquinho Silva e Bira. Ainda sem a qualidade vocal dos profissionais, eles utilizam os estilos desenvolvidos por sambistas que fazem as vozes auxiliares dos intérpretes oficiais nos desfile na Passarela da Sapucaí. Haja vista, a interpretação é feita sob a inspiradora performance da bateria nota 10 regida pela batuta do mestre Marcão. Atribuo nota 9,7 (9,8 à letra 9,6 à melodia) a esse samba feito na parceria entre os compositores Adauto Magalha, Pedrinho da Flor, Andrezinho e Beto Pipa. Magalha já compôs sambas-enredo melhores, por exemplo, em 1996 ‘Anarquistas sim, mas nem todos’do carnavalesco Mário Borriello em parceria com Márcio Paiva, Eduardo Dias e Quinho o intérprete oficial da agremiação.
Por fim, o samba nº 10 tem como intérprete Anderson Paz com o suingue que o caracteriza como um intérprete profissional com experiências de intérprete oficial em agremiações como São Clemente e Rocinha. Atribuo nota 9,8 em letra e melodia a esse samba dos compositores Demá Chagas, Pereira do Cavaco, Dinny, Juninho Luna e Gledson Alves. Demá Chagas é co-autor (junto com os compositores Arizão, Bala, Guaracy e Celso Trindade) do samba-enredo campeão de 1993 ‘Peguei um ita norte’ do carnavalesco Mário Borriello. Esses dois sambas tem o que considero o perfil dos samba-enredos da agremiação apelidada academia do samba. Isto é, os enredos são bons, todavia tanto letra quanto melodia são simplistas. Ou seja, pouco elaboradas.
*jornalista – amante de Carnaval, sambas-enredos e as agremiações é torcedor da Portela (Rio) e Princesinha (Macaé).