Então, com o mesmo intuito e restringindo apenas à uma percepção de tão vasta totalidade, este artigo descreverá, ainda que brevemente, uma análise de dois potenciais inimigos que são pertinentes à existência humana.
Ademais, a priori, o texto parece ter uma conotação um pouco negativa da natureza humana, no entanto, ele apenas descreve uma objetiva realidade que está presente no mundo para que todos estejam conscientes de atitudes e comportamentos existentes. Além disso, no final do texto, existe uma breve descrição do outro lado da mesma moeda.
Assim sendo, de uma maneira bem ampla, pode-se dizer que o primeiro potencial inimigo humano tem um vínculo inseparável, intransferível e imutável em cada ser enquanto que, o segundo, apesar de ser inevitável, tem como características a mudança, a diferenciação e a intensidade de atuação sobre cada pessoa.
Desta maneira, o primeiro inimigo do homem é ele mesmo.No entanto, ele apenas ser torna um possível ente nocivo a partir do momento em que ele se torna um indolente, pusilânime e covarde escravo de funestas paixões, desvirtuosos pensamentos, imorais desejos e indomáveis medos que, consequentemente, projetam sinais para que toda sua existência seja vivida sob jugo de tais fraquezas e, somado à isto, ele se utiliza das mais vis e pérfidas ações para conseguir o que almeja.
Amiudamente, por insegurança e infinito senso de inadequação tal “homem” planeja todos os seus objetivos baseado em errôneos atributos como no egoísmo ou na busca da irrestrita satisfação própria, na soberba ou na presunção de que sua existência é superior à dos outros, na inveja ou na incapacidade de contentar-se com a glória alheia e na fundamentação de que a existência é uma breve passagem por um período onde cada um, como sôfregos parasitas, deve tentar exaurir o máximo que conseguir de sua vida, da sociedade e da natureza, resumidamente, sua vida é um infinito e projetado conluio objetivando o benefício próprio.
O segundo possível inimigo natural do homem é o seu semelhante sempre e quando ele utiliza seus conhecimentos, suas habilidades e suas atitudes com o intuito de manipular, explorar, converter, dogmatizar ou escravizar seu semelhante.
Este nocivo “homem” normalmente é um mordaz abutre que utiliza de toda sua energia para extrair, de qualquer meio que ele consiga, o máximo de benefícios possíveis das outras pessoas. Ele somente contenta-se com a opressão alheia, com a dor do próximo, com a possibilidade de fazer valer sua força. Tal ser pode ser visualizado como um diretor de orquestra que, neste caso mesquinhamente, condiciona seus partícipes como meros bonecos que devem ser acionados ao seu bel e sagaz prazer e satisfação.
Ademais, é de vital importância considerar que ambos inimigos potenciais, em sua natureza, são como sementes férteis jogadas em terrenos áridos, isto é, não germinam se não existirem as condições necessárias ao seu desenvolvimento, no entanto, quando as condições adequadas se apresentam é salutar ter a consciência de tal realidade porque, nestes casos, os cordeiros costumam virar lobos, os pombos viram abutres e o que era para ser um homem vira um monstro.
Tal realidade parece ser perniciosa, aprisionadora e cruel, no entanto, ela é tão prática, esclarecedora e real quando nos conscientizamos que a criação, o desenvolvimento e a manutenção de qualquer forma de comportamento, de ações e de valores é nada mais do que um resultado da projeção que cada ser humano faz do mundo que o cerca e, lamentavelmente, o incentivo à busca de temporários benefícios e a propagação de supérfluos valores parece ser uma realidade em vários lugares deste planeta.
No entanto, felizmente o mesmo alimento que sacia o lobo, farta o cordeiro e, ademais, pelo Princípio da Polaridade, o qual nos revela que tudo tem dois pólos que apesar de idênticos em natureza são opostos em direção, podemos inferir que o oposto do inimigo, isto é, o amigo, pode ser uma força tão vigorosa, consistente e sólida quanto à outra, mas que, diverso da anterior, esta tem como sustentáculos valores de equidade que possibilitam os homens a verem-se como iguais, de comunhão que almeja unir as pessoas, de solidariedade que deseja um auxílio benéfico tanto pessoal quanto mútuo, de paz que ambiciona a harmonia em todos os lugares, de sabedoria que aspira compartilhar a verdade com seu semelhante e, acima de tudo, de amor que é o magneto divino unificador do homem.
Assim sendo, apesar da existência atual de uma força quase invisível que impele o homem no sentido da inimizade, da concorrência desumana e da discórdia, tanto consigo mesmo quanto para outrem, é imperioso que cada indivíduo seja capaz de reverter o vetor desta jornada e acionar suas energias em direção à amizade e a concórdia porque, desta maneira, ele estará sincronizando-se com a inefável, inevitável e majestosa jornada cujo destino é o entendimento de sua própria natureza como inseparável da essência do semelhante que peregrina pela mesma senda e, acima de tudo, da revelação, em sua plenitude, da unidade de sua existência com as veneráveis moléculas da Manifestação.
Com amor e carpe diem,
Tadany
* Em todo o texto, a palavra Homem tem o sentido amplo de humanidade, isto é, tanto seres do sexo masculino quanto do sexo feminino.