OS ÚLTIMOS RASTROS DE PAPILLON EM RORAIMA

Perseguição, intimidação foram constate para impedir-me de investigar os franceses em Roraima, principalmente a vida e morte de René Schehr no Surumu, uma Vila pertencente ao Município de Pacaraima, que faz fronteira com a Venezuela!

Isso porque se eu desvendasse a sua verdadeira identidade, provaria que ele era o Papillon e o escritor dos livros, e provaria que os franceses que entraram com ele e viveram aqui em Roraima alem de companheiros de fuga, eram personagens de seus livros!

Boa parte de meus entrevistados depois foram visitados e foram intimidados, ao ponto de muitos solicitarem que suas imprevistas ou seus nomes não aparecessem no meu livro.

Essa perseguição aconteceu ate no programa do Jê Soares minutos antes da minha entrevista ligaram para dizer que eu era um mentiroso e que estava sendo processado, outro exemplo claro é que meu primeiro livro foi publicado em 1999, mais três anos antes, mandaram o comerciante português Artur Machado, morando em Roraima há muito tempo. Ele, que em 5 de agosto de 1996 concedeu uma entrevista ao Jornal Folha de Boa Vista, Artur garantiu que conheceu Henri Charrière em Caracas, na Venezuela, com quem conviveu alguns anos naquele país. Ele tentou desacreditar-me, desestimular-me, ao afirmar que Papillon jamais estivera em Roraima. O tiro saíra pela culatra, pois na realidade Artur ajudou-me, dando subsídios suficientes para prosseguir com minhas investigações. Ele reforçou a minha certeza de que René era o verdadeiro escritor, essa matéria eu transcrevi em meu primeiro livro: “A Farsa de Um Papillon – A História Que A França quer Esquecer”, vejamos o que disse Machado, a Folha de Boa vista:

“Comerciante afirma que Papillon não morreu em Roraima”. O comerciante Artur Machado conheceu Papillon antes de ele ficar famoso com a publicação do livro Papillon - O homem que fugiu do inferno. Dele ouviu relatos da aventura que tornou-se conhecida no mundo inteiro. Sem querer entrar em polêmica, mas, apenas para colocar os fatos nos devidos lugares, Machado garante que Papillon nunca esteve e muito menos morreu em Roraima.

Lembrando aspectos dos encontros com o “Francês”, como Henrí era conhecido em Caracas (Venezuela), antes de ficar famoso, diz que os contatos aconteceram entre os anos de 1956 e 1957. Machado vinha de Portugal, depois de passar algum tempo em São Paulo, antes de ir para Venezuela. “Papillon era um sujeito sujo, porco no falar, grosso e um bandido da pesada, como hoje se diz popularmente”, afirma.

O objetivo de Artur Machado é desmistificar a existência do bandido francês em Roraima. Ele garante que o “romancista” nunca viveu neste Estado e morreu de câncer na garganta, em Caracas. “Ele tinha uns manuscritos que guardava há dez ou quinze anos. Depois de mostrá-los a duas ou três pessoa que desistiram diante da desordem dos papéis e pouca qualidade dos apontamentos, o francês terminou encontrando a pessoa que adaptou o manuscrito ao romance”,  afirma o comerciante boa-vistense.

Os comentários de Machado surgiram após divulgação da tese defendida pelo repórter fotográfico Platão Arantes, que Henri Charrière depois de mudar de nome para Renê Schehr, teria se refugiado e morrido em território roraimense. “Não posso opinar sobre a possibilidade de que a pessoa enterrada em Normandia tenha sido amiga, ou ajudado o bandido francês a escrever os manuscritos”, diz.

Artur Machado conta que depois de muitas tentativas, Papillon terminou obtendo sucesso na fuga com sete outros bandidos, fugindo da Ilha do Diabo em um pequeno barco através do Caribe, passando ao largo da Ilha de Margarita. “Ele dizia que desembarcou em Catagena (Colômbia) e entrou para Venezuela. Depois de aprontar na Venezuela, ele foi mandado para o presídio de Eldorado, de onde fugiu instalando-se em Caracas”, afirma.

O comerciante segue informando que dos sete que fugiram da Ilha do Diabo diziam-se que Papillon matara pelo menos dois de seus parceiros por divergências no grupo. Entre eles, dois eram gays e serviam aos demais sobre os quais Papillon exercia liderança pela força física. Papillon tinha vida desregrada e era conhecido apenas como Francês, no bairro onde se instalou e fundou uma casa de prostituição. “Só depois do lançamento do livro é que as pessoas começaram a se questionar e aos poucos descobrir que o “autor” do livro era o fugitivo dono do Bar do Francês”, afirma.

Papillon ganhou muito dinheiro com a publicação do livro em formato convencional e perdeu tudo no filme com o qual esperava ficar multimilionário. “Algumas cenas do filme foram rodadas no garimpo San Salvador do Pauji, na Gran Sabana, perto de Canaimã, onde eu trabalhava”, comenta o comerciante. Sobre a autoria do romance, Machado garante que ele jamais poderia ter sido escrito por Papillon em função de sua pouca cultura e vida dedicada ao mundo do crime, mesmo depois das fugas da Ilha e de Eldorado. O provável destino da pessoa que escreveu o livro para Henrí é desconhecido por Artur, que faz rápida relação entre o seu desaparecimento e as atividades do francês”.

De posse de um exemplar do meu primeiro livro fiz questão de procura seu Artur agora ele poderia ser de grande importância na identificação da foto de Henri Charrière. Como não sabia o endereço de seu comércio, no dia seguinte, nos corredores da Assembléia Legislativa, encontrei o jornalista Carvílio Pires, editor do jornal Folha de Boa Vista. Travei o seguinte diálogo:- Carvílio, você sabe onde posso encontrar o seu Artur Machado?

Respondeu ele:- Platão, ele é comerciante, mas na verdade não tenho idéia onde pode encontrá-lo!

Platão:- Talvez o repórter que você escalou para ir fazer aquela matéria sobre Papillon possa dizer.

Respondeu ele:- Platão foi ele que procurou o jornal e deu aquela entrevista!

Aquela revelação era intrigante. Então liguei para amigos e descobri onde ficava o comércio. Fui à sua procura, mas não o encontrei. Deixei com sua sócia e esposa, Srª Terezinha C. Machado, um livro “A Farsa de um Papillon - A História Que a França Quer Esquecer” autografado carinhosamente, na tentativa que ele lesse e ajudasse a desvendar aquele mistério. Um mês depois, em 6 de junho de 2.000, liguei para ele e travamos o seguinte diálogo:

Platão:- Seu Artur, tudo bem? O senhor leu o livro que lhe mandei?

Artur:- Não! Não li e não tenho o menor interesse em voltar a falar deste assunto. Para mim está morto e sepultado.

Percebendo que o homem não queria conversar, instiguei:

- Seu Artur, quando foi para prejudicar-me sem ao menos me conhecer, o senhor foi até o jornal e sentou o verbo contra o meu trabalho, e agora que eu preciso do senhor para identificar a foto do Henri ou de Henrique Schefer, com quem o senhor afirma ter convivido na Venezuela, o senhor se nega em ajudar?

Artur:- Eu só fui ao jornal porque uma pessoa esteve na minha casa e pediu-me para que eu fosse e falasse sobre esse caso e eu falei.

Platão:- Quem pediu?

Artur:- Não quero falar sobre esse assunto!

Platão:- Seu Artur faça uma gentileza. Leia o livro e depois o senhor responde se estou certo ou não. O senhor afirmou na matéria do jornal Folha de Boa Vista que Henri não tinha competência. Era um grosso, que ele não escreveu os livros, e que o senhor não sabe quem escreveu para ele. No livro estou provando que René escreveu os livros e, têm mais, os manuscritos foram escritos para o cinema, e não para livro, e foi escrito aqui em Roraima. Já o livro “Banco” refere-se ao assalto que ele e seu bando praticaram aqui em Roraima em 1942 e ele escondeu parte do roubo próximo de uma serra no Surumu, e batizou-a de serra do Banco. Leia o livro, está certo?

Artur:- Não vou ler o livro, mas uma coisa eu digo, esse assalto foi praticado no presídio, na tesouraria da Colônia Penal de Eldorado, na Venezuela. Mas, depois ficou provado que não foi ele, e sim o parceiro dele. Como ele não tinha culpa foi posto em liberdade.

Platão:- Seu Artur, alguma coisa está errada. Como é que um presídio teria uma tesouraria com tanto ouro e diamante, como o senhor está afirmando? Isso é ficção, uma mentira deslavada. Outra coisa, o embaixador da Venezuela afirmou categoricamente que Papillon jamais esteve preso em Eldorado. O que prova que ele usou Eldorado como álibi numa tentativa desesperada de provar ser ele o verdadeiro escritor, e muita gente ganhou dinheiro fazendo-lhe chantagem. O senhor não quer ler o livro. Não quer que eu o entreviste. Por que? Dizem que Henri Charrière está sepultado na França e o senhor afirmou que ele está sepultado em Caracas. A quem o senhor quer proteger?  

Artur:- Não estou protegendo ninguém. Ele morreu em 1973 e está sepultado em Caracas, Venezuela. Muita gente por lá sabe dessa história, inclusive ele tentou ganhar dinheiro com um filme onde ele fazia a dublagem do ator principal que se negou a fazer as cenas mais difíceis. Apenas o conheci mas, não tive nada a ver com ele.

Platão:- O senhor sabe muito sobre Henrique. Oficialmente ele é Henri Charrière e morreu em 1973, na Espanha, e foi sepultado na França. O senhor está afirmando que ele está sepultado na Venezuela. O senhor vai me desculpar mas, está dando a entender que o senhor sabe muito mais coisas e tenta proteger o adulterador. Para proteger alguém aqui. Quem é a pessoa?

Artur:- Não estou protegendo ninguém e desculpe, não quero mais saber.

O homem desligou o telefone e fiquei martelando quem o convenceu a fazer aquela matéria contra mim?.

Um detalhe nas declarações de Artur ao jornal chamou a minha atenção

1º)  O assassinato de dois gays na fuga! No meu entender essa informação teve o objetivo de me manda um recado, ou seja, nesse caso os cincos prisioneiros que entraram em Roraima nenhum era Guy!

E na conversa que tive com machado ele passa um segundo recado:

2º ) Que o assalto a JG de Araujo não foi praticada pelo bando de Papillon?

Essas mentiras e ameaças e perseguições, dificultaram, as investigações mais não a ponto de me intimidar, tanto é que depois de 15 anos finalmente consegui provar em definitivo que o homem sepultado na Vila do Surumu é de fato René Belbenoit, o verdadeiro escritor de diversos livros entre eles os livro Papillon e Banco ambos comprovadamente adulterados por Henri Charrière.

 


Platão Arantes
Jornalista e escritor
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