Por quê tentar menosprezar quem tem demonstrado apoio às boas causas sociais e ao respeito aos direitos humanos no Brasil?
O que importa neste caso é o apoio que estas pessoas nos dão, e a justeza das causas que sempre apóiam.
Alguns destes amigos e companheiros têm demonstrado coerência suficiente para participar da mesma trincheira em que estamos, das mesmas lutas e, nos momentos mais difíceis, não se furtam a enfrentar quem tenta diminuir as lutas do movimento negro.
Diversas vezes quando alguns mal-intencionados – muitos deles usando tribunas privilegiadas -- se pronunciaram arrogantemente para atacar ícones da comunidade negra: lá estão alguns destes bravos companheiros dando sua contribuição, e combatendo teorias fantasiosas e mentirosas e as ofensas proferidas contra os símbolos da nossa luta.
Sem buscar nenhum tipo de recurso material ou vantagem pessoal, estas pessoas merecem todo o nosso respeito, não importam a cor da sua pele ou sua ideologia.
Posição muito mais indigna ocupa quem assinou um documento-manifesto simplesmente para “aparecer” ao lado de alguns indivíduos de posições claramente facistas e racistas, entre os quais, algumas notórias figuras neo-racistas como o blogueiro da Veja on line Reinaldo Azevedo (que não se cansa de escrever em seu blog impropérios dissimulados contra qualquer evento, pessoa ou grupo que lembre as lutas dos negros brasileiros).
Se grupos como o MNS querem ser realmente autêntico, que mostrem suas posições de forma independente, sem sectarismos, longe dos holofotes da grande mídia.
Vocês não precisam disso. Tentem alcançar o “coração” do povo negro e também de todos os brasileiros que lutam contra as injustiças em que vivemos. Ou para simplificar, tentem chegar até o povo; sem precisar acompanhar caravanas de “famosos”.
O MNS deveria estar mais preocupado com a quantidade imensa de brasileiros (das mais variadas ideologias, religiões e etnias) que clamam por oportunidades, justiça e solidariedade.
Neste momento em que o movimento negro está sendo constantemente atacado por poderosas forças, a união de todos (negros ou brancos) que lutam contra o racismo e pela integração digna do negro em nossa sociedade é bem-vinda.
Independente da ideologia, e com ou sem cotas raciais, tudo o que precisamos é ter coerência, sinceridade e objetivos claros: estas boas qualidades o amigo e companheiro Celso Lungaretti, têm.
Chega de divisões, radicalismos ou sectarismos. Entre os que lutam contra as injustiças, estão muitos homens e mulheres das mais variadas ideologias.
Para encerrar, em Cuba, uma pequena Ilha que experimentou o socialismo, segundo os próprios governantes de lá, ainda não conseguiu erradicar o racismo no seio da daquela sociedade. Estamos em 2009, são 50 anos de revolução. Sob o marxismo como está a integração do negro na sociedade Cubana? Ideal?
Qual a real participação dos negros nas grandes decisões daquele país? Negros ocupam no máximo dois ou três ministérios sem grande importância (como no Brasil, não?)
Outra coisa, na universidade Patrício Lumumba, criada em Moscou na antiga união Soviética, estudantes negros de origens africana eram discriminados pela cor da pela em plena pátria do socialismo nos anos 70 (eram chamados de macacos africanos pelos Russos brancos). Eu ouvi pessoalmente as declarações destes fatos absurdos de um ex-estudante da citada universidade, nascido em Guiné Bissau e que estudou 3 anos em Moscou. Os ataques racistas aconteciam também com outras pessoas, nas ruas, nos restaurantes e em vários lugares daquele país.
70 anos de socialismo não conseguiram acabar com o preconceito racial nem mesmo na extinta União Soviética.
Portanto, é uma grande ilusão achar que a implantação do marxismo vai acabar com todos os problemas dos negros no Brasil.
Pensem nisso.
Ismar C. de Souza (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)
Militante do Movimento Negro em Salvador/Bahia