O "GUERRILHEIRISTA" CONTRA-ATACA

O editorial d'O Rebate de três semanas atrás, sobre as cotas universitárias, continua sendo contestado por Almir da Silva Lima, dirigente de uma dessas igrejinhas secundárias e sectárias do movimento negro.

Engraçado é ele chegar ao cúmulo de tentar provar que é o sol que gira em torno da Terra: acusa a mim de sectário! Só se for porque, sectariamente, eu prego a obediência à ortografia, não me pondo a cunhar termos como "guerrilheirista" (sic). Vejam esta pérola: "...um jornalista que (...) quando foi sectário guerrilheirista de ‘esquerda’ ele discriminava a luta anti-racista ao classificá-la como ‘secundária’".
Atenção: quem, como eu, resistiu à ditadura militar pela via armada virou "sectário guerrilheirista de esquerda", na avaliação do Almir. O Brilhante Ustra e o Jarbas Passarinho assinariam embaixo. Já o Zumbi dos Palmares, com certeza, não! 

De resto, a quase totalidade da esquerda lutava em 1968 para libertar a Humanidade do jugo capitalista, daí considerar que as lutas isoladas estavam abrangidas nessa luta global. Continuo considerando esta posição correta, mas, como a revolução hoje não está às portas (como então parecia estar), não vejo mal nenhum em ganharmos as batalhas possíveis no aqui e agora.

Como a das cotas universitárias, em que o Almir faz coro com o Reinaldo Azevedo, sustentando as posições do Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo.

E o que os tolos pomposos querem mesmo é respaldar publicamente essa outra figuraça da reação, o Gilmar Mendes, no sentido de que o STF dê um jeito de abortar uma experiência bem-sucedida, fazendo voltar o capitalismo selvagem em sua plenitude. Em que ninho de cobras o Almir se meteu!

Sua discurseira quilométrica passa ao lado da verdadeira questão: a de que, levado por seus ressentimentos contra a corrente predominante no movimento negro, o tal MNS está assumindo posição divisionista num momento em que deveriam estar todos unidos contra a ofensiva reacionária que tem o Supremo como ponta-de-lança.

Eu continuo resistindo a tal ofensiva, ao atuar como porta-voz do Comitê de Solidariedade a Cesare Battisti; ao posicionar-me contra as sucessivas tentativas de criminalização dos movimentos sociais; ao rechaçar a liberação do exercício da profissão de jornalistas por parte de quaisquer analfabetos funcionais que caiam nas graças dos donos da mídia; e, claro, na batalha para que as cotas universitárias sejam não só mantidas como ampliadas, passando a beneficiar os pobres em geral.

Agora, sim, o debate está encerrado!


* Jornalista, escritor e ex-preso político, mantém os blogues
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/



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