Estamos vivendo o vai e vem de contêineres, como acontece nas ruas Heitor Liberato, Blumenau e Irineu Bornhausen, onde vidas já foram ceifadas e a tranqüilidade já não existe mais. Fruto do progresso e do desenvolvimento, claro, mas, que nos traz preocupações sérias, em nosso dia a dia.
O Colégio São José, monumento e legenda histórica, da educação, da cultura de nossa cidade, muito brevemente, poderão ter que fazer as malas e se mudar, sabem lá Deus para onde, pois, já não poderão mais oferecer segurança aos professores e alunos.
A Rua Pedro Ferreira, é possível, nestas alturas estar correndo sério risco, com suas velhas construções, que poderiam ser restauradas e transformadas em espaços culturais, de lazer, mas por certo, poderá, também, sofrer a derrubada em função do “progresso”.
A antiga e então Cia. Malburg, felizmente, foi salva e hoje abriga a bela sede da Receita Federal, devendo, pois, continuar sendo preservada, mas, nos seus arredores, tudo poderá virá abaixo.
O mais importante, para os demolidores de nossa história é o lucro imediato, sobrepondo, até a vontade do Poder Público, que, reconheçamos, não quer o sepultamento de nossa história, e através dos seus Órgãos Culturais, lutam pela preservação, como já se faz em todo o mundo civilizado, mas, sem forças suficientes para conter o boom imobiliário.
Até em São Paulo, se restauram as construções antigas, e aqui, assistimos, na calada da noite, os tratores e máquinas destruindo lindas e históricas edificações, tudo em nome de um desenvolvimento, num formato, que não queremos.
Criminosamente sepultam nossa história.
Um acordo com Navegantes, com o trabalho de nossos Senadores e Deputados Federais, poderia dar importante passo, na preservação de nossa história, fazendo com que a cidade tenha a sua expansão para a periferia, ocupando novos espaços. Como temos pregado a construção de uma ponte na BR-101, com altura suficiente para permitir a navegação fluvial no Itajaí Açu e o transporte de contêineres, poderia transformar as margens de nosso estuário, ainda não ocupadas, como depósitos, que poderiam ser levados para os navios, em chatas, e assim teríamos, igualmente, a nossa cidade preservada.
Assim, é feito nos portos de Hamburgo situado na margem do Rio Elba, que pela sua profundidade trata-se de um porto marítimo, muito embora o Atlântico diste mais de 150 km e o de Roterdam que se estende por uma distância de 40 quilômetros no Rio Nieuwe Maas, e muitos outros, no mundo, onde os depósitos de contêineres ficam ao longo de seus canais.
Mas não, aqui tudo se destrói, até a Igreja da Vila Operária, que foi derrubada e em seu lugar, construída uma outra, com arquitetura de pouco bom gosto. No mundo inteiro, e até na Rússia, durante o regime comunista, foram e são preservadas as igrejas de todas correntes religiosas.
As Igrejas no mundo, como a Cruz de Porto Seguro, foram sempre os marcos mais importantes da história dos povos civilizados. Igrejas não se derrubam se restauram.
O então Hospital Santa Beatriz, poderia ter sido reparado, modernizado, mas não, foi isto sim, abandonado, destruído, levado abaixo.
Os Rios Itajaí Açu e Itajaí Mirim, canais um dia vivos, com água limpa, agradáveis e piscosos, são depósitos e escoadouro de lixo, jogado pela própria população ribeirinha.
O Saco da Fazenda, hoje ainda, contaminado com oito bocas de esgoto, poderá estar sendo salvo da poluição, com o serviço de saneamento da cidade, que já começou em Cabeçudas e com a construção de uma marina, como Porto de Lazer, nos termos de um projeto do Arquiteto Dalmo Vieira Filho. Será uma forma de o progresso trazer melhorias no meio ambiente, preservando a beleza dos mangues, da natureza. Temos que entender que os mangues, devem e precisam ser mantidos, como a história. Não podemos agredir a vida dos peixes e outros frutos do mar.
Teremos a modernidade e o progresso preservando a nossa história.
(*) Advogado - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.