Ex-guerrilheiro esquerdista, jornalista agora defende políticas compensatórias ‘raciais’!

Ex-militante de uma organização opositora e armada à ditadura militar-fascista (1964-1985), um jornalista redigiu o texto “Cotas raciais têm bons resultados, frustrando os reacionários agourentos” defendendo políticas compensatórias ‘raciais’. Isto é, o militante que outrora se proclamava marxista-leninista, no fundo adepto das idéias do russo Josef Stalin (1879-1953), quando dizia ‘a luta anti-racista dos negros é uma questão secundária’ agora a defende como principal. Ou seja, ele passou a agir como ‘reacionário agourento’ defendendo sob o apelido de política compensatória ‘racial’ a conciliação entre capitalismo e racismo. É o que veremos neste texto.   
Primeiro, o próprio jornalista concitou o debate ”Desde abril do ano passado quando 113 autoproclamados ‘cidadãos anti-racistas’entregaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) um manifesto contra as leis raciais, eu lhes respondi com o artigo: As cotas raciais e os 113 tolos pomposos”; provocou.  Na época optei por aguardar que o colega de redação no jornal O Rebate viesse a se esclarecer acerca da polêmica questão. Inclusive o convidei a participar como observador da IV Reunião Nacional do Movimento Negro Socialista (MNS) em São Paulo, dia 13 de maio passado quando, de manhã, ocorreu um Ato Público nas escadarias do Teatro Municipal.      

Desde a época o jornalista se equivoca ao insinuar que a Frente Única (FU) do MNS com sindicalistas, artistas e intelectuais contra as leis ‘raciais’ é inspirada nas teses de um diretor de jornalismo da Rede Globo, de fato um burguês reacionário. Apesar de compreensível dado o estalinismo do jornalista, esclareço-lhe: De inspiração em Lênin (1870-1924) e Trotsky (1879-1940) o propósito de uma FU é específico. Para tanto, se juntam todos e todas contra uma determinada política burguesa (leis ‘raciais’). Nós do MNS não somos sectários. A incoerência é dos burgueses que estão na FU, contra tais interesses da classe social deles. Já o jornalista faz o contrário.     

Por isso democraticamente sugiro ao jornalista ler e estudar a obra de Trotsky como o livro Nacionalismo Negro onde ele ensinou ‘A luta anti-racista dos negros no continente africano e na diáspora é específica, estratégica e indissociável da luta de classes; uma questão de princípio dos autênticos socialistas independentemente da cor da pele’. Leia também: Da editora Civilização o livro ‘Divisões Perigosas: Políticas raciais no Brasil contemporâneo’ redigido por integrantes da FU. Quanto ao livro ‘Racismo e Luta de Classes’ do coordenador nacional das fábricas ocupadas Serge Goulart, prefaciado pelo coordenador nacional do MNS José Carlos Miranda. A obra está esgotada, mas empresto-a, até a editora Marxista relançá-lo.

O jornalista se referenciou em um colunista-burguês de O Globo onde publicou dia 17 último o texto ‘A cota do sucesso da turma do ProUni’. É o mesmo que critiquei pelo texto publicado dia 03 do corrente ‘As cotas desmentiram as urucubacas’. Nele, o colunista utilizou a expressão preconceituosa ‘mandinga’ para maldizer àqueles que se opõem às políticas racialistas, isto é, se opõem às leis baseadas na hedionda ideologia e ou crença fundamentalista da existência de ‘raças’ entre os seres da espécie humana. Não por mera coincidência, a mesma coisa defende o jornalista com quem debato.

Assim foi dito, sendo o pensamento de ambos “Meu ponto-de-vista continua o de que as cotas, mesmo significando um avanço (e devendo, portanto, ser defendidas e mantidas), nunca passarão de um paliativo (sic), pois a verdadeira solução passa também pela igualdade de oportunidades no mercado de trabalho e na sociedade, bem como pelo melhor direcionamento dos esforços de todos, negros e brancos”. Isso é conciliação de capitalismo com racismo pregado claramente pelos dois jornalistas. Haja vista “Entre os partidários da competição insensível entre os seres humanos movidos pela ganância e os cidadãos decentes que procuram minorar as mazelas do capitalismo, eu me alinharei sempre com estes últimos. Mas, sem ilusões: As injustiças só serão realmente erradicadas quando o bem comum prevalecer sobre os interesses individuais, numa nova forma de organização social”; concluíram peremptoriamente.

As reivindicações do MNS e o seu slogan ‘Racismo e Capitalismo são os dois lados de uma mesma moeda’.

Como vimos essa ‘nova forma de organização social’ dos dois jornalistas significa a conciliação entre exploração (capitalismo) e opressão (racismo) expressa na célebre frase acima dita pelo herói negro e mártir internacional da Consciência Negra e conseqüentemente da luta anti-racista Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977). Tal frase é o slogan do Movimento Negro Socialista (MNS) desde a fundação em 13/05/2006. Baseado nela não me cansa repetir: A quase totalidade dos movimentos negros (brasileiros e internacionais) e seus aliados como os dois jornalistas são hipócritas quando falam combaterem o racismo. Então eles utilizam sofismas com estratégico e sectário propósito de fazer a aludida conciliação.

Na quase totalidade dos movimentos negros, tais sofismas são: Cotas ‘raciais’, discriminação positiva (sic), reparação, indenização e estatuto que pode ser de ‘igualdade civil’ ou de ‘igualdade racial’. Entretanto, não há unidade, sequer consenso entre eles para apelidar tudo como Ações Afirmativas (AAs). No entanto, para os dois jornalistas de O Globo AAs é que são o paradigma para conciliação entre capitalismo e racismo. Considero AAs novas roupagens da burguesa doutrina do filósofo estadunidense Charles Sanders Pierce (1839-1914) criadas durante a III Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação (étnico) Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas cujo evento foi realizado em 2001, na cidade de Durban, atual Azânia, ex África do Sul.                   

Denominado Plano Durban, esse suntuoso evento foi bancado pela Organização das Nações Unidas (ONU). No evento ocorreu um grande acordo entre a quase totalidade dos movimentos negros e variadas entidades que praticam a opressão imperialista, ainda que disfarçada de multilateralismo como a ONU, para fugir da inexorável luta de classes antiimperialista. Haja vista, a já mencionada célebre frase ensinada por Steve Biko, que é o nome dele mais conhecido na História. Para tanto, surgiu o que chamo de tumbeiro (antigo navio negreiro) do século XXI, onde embarcou a quase totalidade dos movimentos negros que vem a ser as já mencionadas políticas racialistas.

Concluindo, nós do MNS, propugnamos a otimização permanente de escolas e universidades públicas, gratuitas e de excelência na qualidade para todos e todas. Paralela e permanentemente o combate ao racismo deve ocorrer através da complementação da Lei 7716/1989 (Lei Caó) por tipificar racismo como crime inafiançável e imprescritível, prevendo cadeia para pessoa racista de até cinco anos. O que significa que as delegacias da polícia civil, quiçá da Polícia Federal, deve ser obrigatoriamente equipadas de um setor especializado no qual, os plantões diários, no mínimo e também obrigatoriamente tenham advogado, antropólogo e sociólogo para os registros das ocorrências.    

*jornalista – membro da coordenação nacional do MNS e militante da corrente intra PT, Esquerda Marxista, a seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI).


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