No Senado, além da orgia de "diretorias supérfluas", o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) teve a pachorra de afirmar que considera normal que o parlamentar possa levar a tiracolo a sua esposa e demais parentes em viagens, pagas com o dinheiro público, porque o presidente da República também o faz.
Na Câmara Federal, o deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE), segundo os noticiários, já foi investigado por manter escravidão branca em suas fazendas e perfurado poços, com dinheiro público, em suas propriedades - teve a fleuma de afirmar que ele não vê nada de mais fazer turismo familiar com dinheiro público, porque "a família é sagrada”. Só que meter a mão em dinheiro público é crime e imoral. Infelizmente, no Brasil, a coisa pública é tratada com menoscabo por quem deveria dar exemplo de seriedade. E coisa pública não é privada. Se o dinheiro saísse do bolso de cada político talvez o comportamento fosse outro. Mas como a conta é paga pela Nação, tudo vale: pode levar esposo, esposa, filho, filha, neto, neta, sogro, sogra, genro, nora, cunhado, cunhada, namorado, namorada, amigos, amigas etc.
Enquanto a população miserável e desempregada padece no inferno das injustiças, os senhores políticos estão deitado em berços esplêndidos e muito despreocupados com o social, gozam e abusam das benesses públicas e ainda encontram justificativas para defender seus privilégios. Este é o quadro degradante e escancarado à Nação de como se comportam os nossos parlamentares.
Os nossos parlamentares são produtos do viciado tecido sujo que até hoje protege casta de políticos oportunistas, carreiristas, interesseiros, fisiologistas e que só dão prejuízo à Nação. A culpa é toda nossa que continua a votar em (fajutos) políticos que não respeitam o eleitor e o País. Agente fica indignado como a maioria dos senadores e deputados tratam com descaso a coisa pública.
A coisa é tão imoral que as sobras de verbas para gastos com viagens não são devolvidas ao erário publico. Os "smiles" (créditos de viagem concedidos pelas companhias aéreas) decorrentes de passagens aéreas adquiridas com o dinheiro público também não são devolvidos. Os senhores deveriam ficar pálidos de vergonha com tanta safadeza.
Está faltando fiscalização externa da sociedade nos gastos do Congresso, bem como maior participação do povo nas decisões do Parlamento.
Não tem sentido os parlamentares usarem verbas de cotas de viagens para fins não oficiais, beneficiando parentes, amigos etc. Assim, soa escabroso dizer que as regras não são claras. Esses políticos deveriam ser submetidos ao Conselho de Ética para serem cassados.
Julio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC