Com amigos aventureiros destinados a uma emocionante e interessante viagem, permaneci imóvel e aspirante, de modo que respirar livremente e compreender tudo aquilo era praticamente a mesma coisa, com um fluxo ininterrupto de pensamentos. Estes, que tentarei demonstrar num ponto de vista e excitação moralmente neutro. Me condeno a um papel de ávida aprendiz, porém, eterna coadjuvante numa febre enorme de observação. Meu universo estava demente e agônico quando me deparei com a cidade enlouquecida e faminta de todo tipo de arte.
Foi assim que me encontrei quando cheguei a Parati, um pouco lesada em meio a tanta informação e conhecimento.
A Festa Literária Internacional de Parati - FLIP - que esteve no seu quarto ano de tradição com um mega evento celebrando a criação artística, trouxe cinco dias de música, jornalismo, artesanatos, literatura, poesia e cultura, recebendo autores, colaboradores e apreciadores de todos os lugares do mundo, homenageando esse ano o romancista e baiano Jorge Amado.
Eu estava embriagada daquilo que eu realmente gostava, que me fazia bem e insaciada, querendo mais. Um instinto infalível, quase. Mas não evitava olhar com melancólicos e insanos olhos molhados as coisas que evoluíam numa desproporção quanto ao meu pouco saber. Pensei várias vezes, no mesmo minuto, em tentar me jogar como num precipício, fora dali, para, então, despertar daquele contraditório mundo fantástico, contudo, real.
Há pouquíssimos lugares, como este, onde se podem celebrar a literatura e se encantar com todas as crianças na praça central de uma cidade. É animador presenciar crianças de muito pouca idade serem influenciadas num projeto social, folheando livros e implorando estes e tantos outros aos seus pais.
Por outro lado, espalhados nas ruas, os donos dessa terra tecendo seus objetos para preservar o corpo, tentar focar a sobrevivência dessa permanente figura oculta que se encontram historicamente, os índios e/ou seus descendentes transpareciam qualquer respeito não encontrado e sem o valor merecido em seus olhos flamejantes de dor. Porém, mesmo depois de exterminados pela sociedade civilizada, continuam infalíveis, a nação e a alma indígena.
Tudo é contraditório e insistente, e segue soprando numa ilusão inocente de que se possa compreender toda e qualquer coisa por pura e simples iluminação pessoal.
Soterrei minha infinita (in) satisfação sob a noite a fim de fotografar e anotar mentalmente formas e medidas para, depois, mesmo que não tão explicitamente, tornar futuras recordações.
Tudo é fantástico demais para não ser contado.
Tornamos vibrante e inesquecível.
Carolina Oliveira - 19 anos
Macaé - RJ
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