A notícia da renovação de contrato do técnico Rafa Benitez até 2014 só fez aumentar a comemoração. Rafa tem métodos pouco tradicionais para o futebol brasileiro, entretanto, com baixo investimento, comparado aos rivais Chelsea e Manchester, ele obtém resultados incontestáveis. Qual é o segredo do Liverpool? Passa pelo rodízio de jogadores, vai ao planejamento bem feito, a uma torcida fanática e apaixonada, um esquema tático bem definido e chega a uma dupla de jogadores que alia técnica e força como poucos no mundo: Fernando Torres e Gerrard.
O ressurgimento da figura tática do ponta pode ser um segredo do treinador Rafa Benitez. Riera, pela esquerda e o lutador Kuyt, na direita, jogam abertos. Sem a posse da bola os dois pontas assumem uma postura tática mais defensiva e se tornam meias, volantes ou até tradicionais laterais. Volantes fixos no time? Só um, e, nem sempre. Mascherano, Xabi Alonso e Gerrard fazem o meio de campo titular. A figura do volante que não sabe jogar, só rebate, só faz falta, não existe. Uma pergunta se torna inevitável então: o time fica desprotegido? Toma muitos gols? Claro que não! Sem a bola todos participam do jogo, todos voltam para a marcação e ocupação do espaço defensivo e retomada da bola.
A torcida sempre foi apaixonada. Desde 1892, ano da fundação. Com o tempo os laços foram se consolidando. As tragédias, especialmente a de 15 de abril de 1989 com 96 mortos, aproximaram ainda mais o clube do torcedor e criaram o mito da torcida red.
Dois jogadores são os preferidos pelos fãs. O goleador Torres e o mestre Gerrard. Torres poderia ser rotulado como grandalhão, o que atestaria a total falta de conhecimento de quem coloca o rótulo. A elevada estatura só é mais um bom motivo para elogiar Nino. Jogador jovem, de movimentação intensa, disciplina tática, boa técnica e faro de gol. Nino Torres é o atacante dos sonhos do torcedor. Por ocasião da disputa da Eurocopa, a cidade de Liverpool se vestiu de vermelho e amarelo e torceu junta pela Espanha de Torres. Não deu outra! Espanha campeã e Torres marcando o gol do título. A paixão e a gratidão que a torcida têm por Steven Gerrard, ou Steve G, são indescritíveis. As qualidades dele também são imensas. As virtudes técnicas são inúmeras, entretanto, é nítido também que as qualidades como líder e capitão fazem muita diferença para o elenco do Liverpool. Recentemente, Gerrard se envolveu em uma confusão e acabou preso. Os torcedores não acreditaram no que estava acontecendo. Estariam diante da quebra da imagem de ícone? Aquele menino que chegou em Anfield com 10 anos e que perdeu um primo esmagado nas grades em 89 era um vilão e não um mocinho? A diretoria se posicionou a favor dele e poucos dias depois a camisa 8 vermelha estava conduzindo a equipe a mais uma vitória. Vitória que apagou um possível arranhão na imagem de Gerrard e aumentou a paixão pelo ídolo. Perto do fim do jogo, ele arrancou do meio campo até a área adversária, nada mais heróico que sair da cadeia e marcar um gol importante. Como em um roteiro de cinema, as próximas cenas surpreenderam a todos no estádio. Gerrard poderia ter feito o gol, poderia ter sido o herói, mas preferiu ser líder. Sem marcação, na cara do gol, ele preferiu rolar a bola para Torres que voltava de contusão, Torres fez o gol e saiu para comemorar com o líder.
Não será surpresa alguma se a história, banhada em sangue, lágrimas e muito suor entrar em campo nas finais da Liga dos Campeões e nos últimos jogos da Premier League, e se mística jogar...