Certa vez participei de um desses festivais, idealizado pelo próprio colégio, e consegui um terceiro lugar como compositor. A música chamava-se O MUNDO QUE VI e foi defendida por Nininho (cantor do conjunto L BOSSA). Os jurados foram os jornalistas do PASQUIM e o compositor EGBERTO GISMONTI. Para mim foi uma vitória e tanto, tocava violão há pouco tempo e não tinha a menor esperança de conseguir alguma coisa. E rendeu uma graninha como prêmio, pago pelo jornal O REBATE e Prefeitura Municipal de Macaé – se estiver enganado, que me perdoem! E um troféu que teve uma das asas quebradas na bebedeira que se seguiu. Foi um porre tremendo que me fez esquecer que, na segunda-feira, teria prova de biologia com o Grego. E ele era PHODDA – com PH de farmácia e dois D de TODDY! Chegou segunda-feira e não fui fazer a prova em virtude de uma ressaca de cachaça, daquelas que quase todo mundo conhece - fiquei de molho!!!
Na terça, fui ao encontro dele e expliquei os meus motivos - FESTIVAL DE MÚSICAS E BEBEDEIRA. Aí ele perguntou que lugar eu havia tirado, se tinha havido premiação, o nome da minha música, que tipo de prêmio foi, e o que eu havia feito com ele.
Expliquei que havia sido um troféu - já com uma das asas quebradas durante as comemorações, e uma parte em grana.
- Gastou tudo em bebida? - perguntou ele.
Eu respondi que não, que havia dado uma parte ao LAR DE MARIA para ajudar a obra.
O Grego riu e perguntou se era verdade. Eu disse que sim, e que havia feito a doação ao Sr. Pierre.
Disse ele: menino, irei conferir isto de perto! E saiu com um riso de quem iria pegar alguém na mentira - eu era só um garoto, mas não era mentiroso.
Dois dias depois ele veio ao meu encontro, botou a mão no meu ombro e disse: sem fazer prova, oito está bom para você?
Neste dia eu ganhei o coração daquele GREGO DURÃO, e este foi, sem dúvida alguma, o meu melhor e maior prêmio! Claro, sempre fui bom aluno e ele sabia disso também.
Anos depois descobri que, de todas as heranças que o meu avô me deixou, a mais rica delas foi a generosidade, e o conhecimento de uma doutrina maravilhosa que já veio no pacote, no exato momento em que fui parido - NA CASA DE CARIDADE - no quarto 13, com muito orgulho de ser macaense e pelas mãos carinhosas de dona DURVALINA .
Dois grandes corações que jamais esquecerei por mais que o tempo passe: o professor CHRISTOS JEAN e dona MAGDALENA – a sua esposa. Que recebam a minha saudade onde quer que estejam, e Deus há de fazer chegar até lá!
Um aluno de coração saudosista, moleque e levado como muitos, que sempre gostou e respeitou os seus professores, e que tem muita gratidão por tudo que com eles aprendeu.
Izio Enco – 10/10/2008
Nota de O Rebate:
O Festival foi feito pelo O REBATE, dirigido pelo editor Milbs e a Prefeitura tinha o Cláudio Moacyr como Prefeito. Além da equipe do PASQUIN esteve em Macaé o jornalista José Carlos de Oliveira, Paulo mendes Campos Jaguar, Olga Savani e Alberto Reis.