A Nova Reforma Ortográfica: e agora?

E agora, José?
E agora, você?
Carlos Drummond de Andrade
A singela epígrafe, acima, de Carlos Drummond de Andrade nos introduz a uma instigante reflexão sobre o momento atual de adaptação da ortografia portuguesa. E agora, o que fazer? O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em 16 de Dezembro de 1990 em Lisboa por oito países que têm como idioma oficial o português, a saber, Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e mais tarde por Timor Leste. No entanto, o acordo só foi aprovado no Brasil, cinco anos mais tarde, pelo Decreto Legislativo nº54 em 18 de abril de 1995 (Tufano, 2008).
A implementação das regras ortográficas no Brasil estava prevista para começar em Janeiro deste ano, já iniciado. Por isso, nos deparamos com um grande debate sobre os porquês da mudança e sua funcionalidade em nosso idioma.
A nova reforma ortográfica não elimina todas as diferenças entre nós, falantes do português, mas prevê uma possível unificação ortográfica destes países. A língua de um povo constitui sua identidade e, por isso mesmo, é fundamental nos debruçarmos sobre esta questão. Embora, seja interessante afirmar que as modificações atinjam, somente, a língua escrita, ou seja, em nada altera a língua falada.
Em linhas gerais as mudanças serão sentidas de forma gradual em nosso cotidiano, começando pela redação de nossas leis, os anúncios, as paródias na TV, as legendas em filmes e posteriormente com a adequação dos livros didáticos. Entretanto, já nos vemos envolvidos com tal mudança.
Parece que este acordo foi pouco debatido e se quer passou por um plebiscito, para um maior diálogo dos falantes do idioma. Como já mencionado, o dialeto, no caso o português, representa uma dimensão cultural dos seus falantes e escritores. O nosso alfabeto foi modificado, visto que agora, com 26 letras, foram acrescentados o “K”, “W” e o “Y”. O trema (¨) deixa de ser utilizado, exceto em palavras estrangeiras e em suas derivadas, tal como Müller. As palavras paroxítonas com ditongos abertos, tais como “éi” e “ói” não são mais acentuadas. Assim como as palavras que tenham o “i” ou “u” vindos depois de um ditongo. Não usamos mais acento em palavras como “vêem” ou “vôo” e também “pára” ou “pólo”.
Por fim, podemos inferir que, de uma forma ou de outra, a reforma ortográfica interfere em nossa escrita, mais também em hábitos culturais, já tão acostumados por nós, seus escritores. O que fazer? Adaptemo-nos as mudanças!


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