Aos pobres ensaios técnicos gratuitos, desfiles oficiais são para ricos e turistas estrangeiros

"Vejam só o jeito que o Samba ficou (e sambou) nosso povão ficou fora da jogada.
Nem lugar na arquibancada ele tem mais para ficar! (Oh, assim não dá!)
Abram espaço nesta pista e, por favor, não insistam em saber quem vem aí.
O mestre-sala foi parar em outra Escola carregado por cartolas e o poder de quem dá mais.
E o puxador vendeu seu passe novamente, quem diria minha gente vejam o que o dinheiro faz.
É Fantástico virou Hollywood isso aqui! Luzes! Câmeras! Som!
Mil artistas na Sapucaí! (Refrão)
Mas, o show tem que continuar, pois, muita gente ainda tem que faturar.
Carnavalescos e destaques vaidosos, dirigentes poderosos criam tanta confusão.
E o Samba? O Samba vai perdendo a tradição!" Esta é parte da letra do samba-enredo "E o Samba sambou!" Compositores: Helinho 107, Mais Velho, Nino e Chocolate – GRES São Clemente – 1990 Grupo Especial.

Já o título deste texto foi o que afirmou o Diretor de Carnaval da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Elmo José dos Santos, em entrevista concedida à revista "Ensaio Geral", o informativo da própria entidade, na página 11, edição de dezembro de 2008, número 22. Nela, dentre outras questões, ele falou sobre as atrações do "Pagode da Marquês (de Sapucaí)" em 2009, a nova penalidade do regulamento de Desfile que prevê perda de 0,1 à Escola cuja Comissão de Frente não se apresentar para o público do Setor 03, qual a importância do ensaio técnico e quais os quesitos mais trabalhados por uma Escola de Samba. A seguir o que ele disse sobre a diferença do público dos ensaios técnicos (gratuitos) para o dos desfiles oficiais (pagos e caros).

"Os ensaios são feitos para pessoas que, em regra geral, não possuem recursos para comprar ingressos de arquibancadas especiais e frisas.. É emocionante ver torcidas organizadas nos ensaios. Gente humilde que lota e decora o Sambódromo com as suas faixas, verdadeiras declarações de amor. Passam para os componentes toda a sua vibração. E criam um elo de responsabilidade. Os torcedores podem até não estar presentes no dia do desfile, mas o componente sabe o que se espera dele: O amor às cores da sua Escola e muita garra". Elmo José dos Santos foi presidente da Estação Primeira de Mangueira entre os anos de 1996 e 1999 quando levou a Escola a conquistar, junto com a Beija Flor, o título de campeã em 1998.

No Carnaval daquele ano, a Estação Primeira saiu vencedora apresentando o samba-enredo "Chico Buarque da Mangueira" e a Beija Flor o samba-enredo "Pará: O mundo místico dos Caruanas nas águas do Patu-Anu". Mineiro radicado no Rio de Janeiro, ele está no cargo de Diretor de Carnaval da LIESA desde o ano de 2000. Neste período a Mangueira foi campeã em 2002 com o samba-enredo "Brazil com "z" é pra cabra da peste. Brasil com "s" é nação do nordeste". Posteriormente com sotaque caipira ele gravou uma locução para a Estação Primeira no samba-enredo "Mangueira redescobre a estrada real... E deste eldorado faz seu Carnaval" em 2004 quando sua Escola de coração ficou em terceiro lugar.

A revista "Ensaio Geral" é criada e produzida pela empresa Íris Editora, tem uma tiragem de 110 mil exemplares, sua distribuição é gratuita. No oitavo ano de circulação, a revista tem como editor e responsável pelos textos o jornalista Cláudio Vieira e a revisão a cargo de Marta Queiroz. Eles no Carnaval 2009 assinam o enredo da Portela "E por falar em amor, onde anda você?" Este enredo é desenvolvido pelos carnavalescos Lane Santana e Jorge Caribé.

LIESA culpa "indústria da pirataria" pela queda da venda de CDs!

Já na pagina seis da mencionada edição da revista "Ensaio Geral", ao anunciar a chegada às lojas comerciais do CD das Escolas de Samba do Grupo Especial (GE) para o Carnaval 2009, o Diretor Tesoureiro e de Patrimônio da LIESA, Zacarias Siqueira de Oliveira, mostrou-se queixoso ao dizer que o momento da entidade é difícil, causado pelo que ele chama de "indústria da pirataria". Segundo ele, não faz muito tempo, o CD do GE tinha uma vendagem garantida entre 600 mil e 800 mil cópias. O que – prossegue – representava a 2ª fonte de receitas das agremiações. De acordo com o Diretor da LIESA, a 1ª fonte era e continua sendo o repasse da venda de ingressos, pois as Escolas ficavam com 48% desses recursos, impulsionando os trabalhos de barracão e ateliê. Atualmente, ainda segundo Zacarias Siqueira de Oliveira, o CD vende pouco mais de 130 mil cópias, acarretando na insuficiência do repasse que não dá mais para custear nem a confecção de uma alegoria; concluiu o Diretor Tesoureiro e de Patrimônio da LIESA.

Aponto como solução a estatização do Carnaval, isto é, que esta festa de tradição popular seja concebida, organizada e executada pelo Poder Público. O controle fiscalizador é que deve ser praticado pela LIESA, e não a mercantilização do Carnaval que ocorre desde 1985 quando o Carnaval carioca foi privatizado.                                   

*jornalista – enquanto amante de Sambas e das Escolas, é torcedor portelense.   
            

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