Mas o silêncio consente o quê? Assume culpas de quem?
Há silêncios que gritam tanto, que chegam a nos ensurdecer, batem nas paredes da nossa existência e encontram eco nos nossos porões. Incomodam com a sua opulência.
Quem nunca se perturbou com o vazio que o silêncio provoca? Quantas vezes queríamos ouvir qualquer coisa, um sussurro talvez, menos o SILÊNCIO!
Ah!... É esse silêncio que misteriosamente nos engana com a sua inércia aparente, para concorrer poderosamente com elas, as palavras.
Recife, 20/11/2005
Lígia Beuttenmüller
Pernambucana da cidade do Recife, nascida numa sexta-feira distante, dia que representa o fim da semana e o começo de festas. Sou canceriana, pertenço a um signo que sob o meu olhar é um dos mais românticos do zodíaco e segundo os astrólogos mais promissores tem adjetivos como Simpatia, Sensibilidade, Tendência Artística, Tímidez, Impaciência e Indolência, e meu signo sendo do elemento água, amolece a rigidez da Terra, controla e regula o poder do Fogo e dá sentimento a comunicação do Ar. Denominação perfeita, acho, mesmo havendo, ( se há) controversas.
Minha linhagem literária descende de Alberto Beuttenmüller – poeta, jornalista e crítico de arte, Glorinha Beuttenmüller- fonoaudióloga e escritora, e Rodolfo Beuttenmüller, pastor e escritor.
Brinco com as palavras, como um brinquedo, que consigo trazer da infância para alegrar a minha alma e o meu coração (dos leitores também) e naturalmente me expor às críticas.
Articular letras, juntá-las e vestir as emoções são o desejo e função de cada escritor. Nada mais interessante que criar barcos vocabulares e servir de transporte aos sonhos. Escrevo desde 1960, em guardanapos, folhas soltas, cadernos, agendas, mesas, vidros, espelhos, e atualmente em blogs e fóruns, acervo que venho recolhendo para fazer parte de um livro num dia especial.
Afora essa bendita e amada “loucura”, tenho duas Licenciaturas Acadêmicas, uma em Biologia e outra em Educação Física. Acho que me prendi a esses dois pólos para entender quão maravilhoso é a vida e quão importante é o corpo que abriga o cérebro e nele o conhecimento que tem sido acumulado pela humanidade.
Hoje, já aposentada, me esforço para acompanhar as descobertas espetaculares que a ciência e a tecnologia têm proporcionado ao homem, e delas faço uso pessoal e coletivo quando me arvoro a escrever o que penso sobre o mundo, as pessoas, os sentimentos e as coisas numa rede que me dá asas para se percorrer cotidianamente o mundo.
Estou assim, para fugir da cristalização e sempre posso dizer que não SOU, apenas ESTOU artesã das palavras, dos pincéis e aprendiz da vida.