Dois dos maiores jogadores do futebol mundial se transferiram em plena
adolescência para os seus atuais clubes. Messi, aos 13 anos, saiu da
Argentina e foi para o Barcelona. O espanhol, Cesc Fábregas saiu do
mesmo Barcelona aos 15, e foi brilhar no Arsenal, da Inglaterra. São
nomes conhecidos com histórias conhecidas. A cada dia jovens
talentosos, anônimos, de todas as partes do mundo vão para a Europa.
Buscam a sorte. Será que encontram? Fatalmente não! Iludidos com o
sonho da bola, vários são obrigados a trabalhar e lutam para conseguir
regressar para casa.
A CBF e a FIFA reagiram timidamente. Colocando regras para as transferências, limitando a idade, etc. O contra ataque dos empresários foi inteligente. Para aumentar o rendimento dos atletas e burlando a lei, a estratégia adotada foi a de levar a família e oferecer emprego aos pais. O atleta passa a ter acompanhamento, fica mais feliz, se alimenta melhor e as leis não impedem as transferências. É como se o contratado fosse o pai e não o futuro craque. Contratam um pedreiro brasileiro e, junto dele vem o filho, que pode virar um craque e uma fortuna para o time da cidade. Não tenha dúvida! Hoje um menino sai do Brasil ou de qualquer país da África para tentar a sorte com a bola nos pés. O que fazer? A UEFA, entidade que organiza o futebol na Europa, está finalizando estudos e vai propor o fim das contratações de crianças e adolescentes. O presidente da entidade é o ex-jogador Michel Platini. O francês luta pela quebra de um acordo que vigora desde 2001, quando a FIFA e a União Européia passaram a permitir as transferências a partir de 16 anos. Não será através de uma assinatura que as coisas vão mudar. O futebol já deu espaço para a contravenção e para a criminalidade. A “bola” que manda nos clubes é o dinheiro. O milionário russo Roman Abramovich, investidor do Chelsea, já foi condenado no seu país e carrega mil suspeitas sobre a origem de sua fortuna, no entanto, o Chelsea se tornou o “queridinho” do futebol mundial. Será que os salários pagos pelo clube suportariam uma dose caprichada de água e sabão? Todos na Inglaterra e no mundo do futebol sabem das suspeitas e nada é investigado com tanto afinco assim. Se não pegam um peixe grande desses e não moralizam a estrutura do futebol mundial, qual a razão que tenho para acreditar que diante de um talento irresistível de 12 ou 13 anos não vão fazer vista grossa também? É óbvio que as medidas e decisões devem ser tomadas, contudo, já estou cético quanto ao poder das leis diante do poder da pre$$ão financeira.