O Brasileirão parece ter sotaque paulista

Em 2003 o futebol brasileiro passou a conviver com um novo modelo de disputa em nível nacional. O Campeonato Brasileiro adotou a fórmula de pontos corridos e o chamado mata-mata teve seqüência na Copa do Brasil. Em 2003, deu Cruzeiro. O time dirigido por Vanderlei Luxemburgo travou um duelo com o Santos. 2004 foi o ano de o Santos ganhar. O Atlético Paranaense chegou perto, mas, não levou. 2005 marcou uma competição mais forte entre duas equipes, apenas. Deu Corinthians de Teves. O Inter aproximou e não levou. 2006 marca o crescimento do São Paulo, com folga. 2007, ano da confirmação da tranqüilidade tricolor. O que esperar do atual 2008? Pelo início da competição parecia dar Grêmio. O time de Celso Roth foi perdendo força e, de novo, o São Paulo chegou com muita vontade na reta final. O campeonato de 2008 já mostrou que aquele discurso de que o Brasileirão é diferente de todos os outros campeonatos não passa de discurso. O argumento era simples e rasteiro. Diziam: o Espanhol fica com o Real ou com o Barcelona. O Inglês está entre os quatro fortes. O Italiano entre Milan, Juventus ou Inter. Nem tudo é verdade e nem o Brasileiro está nas mãos de tantos times assim. A disputa tem se mostrado estar nas mãos dos clubes mais organizados e com maior investimento financeiro. Do mesmo jeito que é lá fora. O inusitado deu espaço ao planejamento. Antes, no mata-mata, tudo poderia acontecer para transformar um favorito em decepção. Um erro de arbitragem, uma tarde inspirada de um artilheiro ou do goleiro poderiam levar uma zebra ao título. Não defendo a fórmula antiga. Apenas, entretanto, sinto que está sendo criado um abismo entre clubes que têm investimento e os que não têm. Até aí nada de injusto. Talvez nem exista injustiça. O que ocorre é que os olhos do torcedor brasileiro se direcionam para São Paulo e só. Qual a conseqüência que isso traz? Uma valorização maior dos clubes paulistas e uma desvalorização dos outros estados. Com o passar do tempo o tal distanciamento pode se tornar uma polarização tão grande que o futebol, aos poucos pode deixar de ter o encantamento nacional e se tornar aquele esporte de se pratica no Morumbi, Palestra Itália ou Pacaembu. Observe o panorama do próximo campeonato brasileiro. Serão dois clubes mineiros contra seis paulistas. O recado de hoje não tem a pretensão de nada a não ser de dar parabéns a quem se organiza e de puxar a orelha dos outros estados que observam, observam e não tomam atitude alguma para alterar um futuro que já bate às nossas portas. E para os dirigentes desavisados vai uma dica: não deixem 2009 para 2009.
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