Fundado em 1900, o grande holandês se tornou conhecido em todo o mundo nos anos 70. Com Cruyff e Neeskens o Ajax conquistou a Liga dos Campeões de 71, 72 e 73. Com a força e a técnica daquele time o mundo conheceu a “Laranja Mecânica”, apelido da seleção holandesa que foi vice do mundo em 74 e 78. O tempo foi implacável para o Ajax. As faltas de renovação e de uma administração visionária ofuscaram o intenso brilho do clube holandês. O clube não disputa a Liga dos Campeões e tem imensas dificuldades de montar um elenco competitivo. Na disputa do campeonato holandês o Ajax até que responde bem, entretanto, há muito que o time não se encontra nos torneios internacionais. O próprio futebol holandês tem passado dificuldades. Os fantasmas da técnica fora do comum e da arrumação tática do carrossel assustam e inibem jogadores medianos. Além disso, a Holanda sofre com a saída de jovens promessas e vê, a cada dia, seus futuros craques saírem cedo para a Inglaterra, Espanha ou Itália.
O desafio de lá é parecido com o de cá. A diferença é que o Brasil é quase um continente que respira futebol todos os dias. A desorganização aqui é maior. A fuga de jogadores é imensa, no entanto, o contexto e a tradição estão do nosso lado. Para os da Laranja Mecânica a tarefa é mais árdua. Conviver com a fama de que dão espetáculo e não ganham nada pode gerar frustração e ver dia após dias jogadores medianos atuando em outros mercados traz a certeza de que é preciso repensar o modelo.
A rigidez do modo que se vive futebol na Holanda deve ser destacada. Vários clubes colocam no estatuto o modo tático a ser seguido. A própria seleção, jogando bem ou mal, sofre com as comparações com o mundo de sonhos de Cruyff e companhia, na década de 70. É difícil, contudo, é inegável. Aquela laranja já morreu! É necessário plantar outra, talvez, bem diferente da antiga. Conviver com o sucesso do passado é bom, mas, transformar o sucesso em fantasma é um terror!