(Lição de vida!)
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Ao ex-jurista (inda bem...!), poeta e crítico de arte Antônio Oswaldo Castro Leite de Andrade.
Morei cinco anos no famoso Edifício Master, na Rua Domingos
Ferreira, Copacabana (vejam o fantástico documentário do Eduardo
Coutinho, "Edifício Master"). Nas madrugadas de quarta para quinta
feira ninguém conseguia dormir. Três horas começava a montagem da
feira livre. Roncos e fedores dos motores de velhos caminhões,
descarregando mercadorias... Barracas sendo montadas, quebra de
caixotes, marteladas... Gritaria ensurdecedora dos feirantes num
linguajar que nem o mais competente "brasilianista" entenderia. Gírias,
palavrões, corruptelas, gargalhadas... A feira era imensa. Quatro
longos quarteirões, da Rua Siqueira Campos até a Barão de Ipanema. Os
moradores tinham que retirar seus carros da garagem na noite anterior.
Quem esquecia o carro estacionado na rua levava grande prejuízo. Os
feirantes iam empurrando, empurrando - ou carregando, mesmo que
estivesse com freio de mão – até uma das ruas transversais. O carro era
amassado, arranhado, multado e rebocado. Aconteceu comigo! Adorava
fazer compras nesta feira. Todas as cores do mundo. Aromas, sabores...
Muitos punguistas...! Várias vezes presenciei a louca gritaria &
correria do "Pega ladrão!!! Pééégaaa...". Certa vez vi um vendedor de
alho levar uns tapas de uma velhinha. Anunciava o seu 'produto'
gritando o seguinte: "Queralho...? Queralho da cabeça roxa...?". Havia
um músico que sentava no meio da feira num caixote, com surdão e pratos
pendurado nas costas. Tocava-os com pedais. No colo o acordeom.
Gritava...: "Agora é todo o mundo...!" Começava a cantar "Carinhoso".
Eu, da janela do quinto andar, mais centenas de pessoas - da feira e
dos prédios - cantamos este maravilhoso hino do Pixinguinha e do
Copacabanense Braguinha. Que maravilha!!! Cantávamos, também, "Cidade
Maravilhosa" e músicas de bom gosto. A feira era uma festa... Moradores
endinheirados conseguiram acabar com esta maravilhosa feira. Ela foi
comprimida na Praça Serzedelo Correia, também conhecida como "Praça dos
Paraíbas". Para quem não sabe, a Rua Domingos Ferreira é paralela a
praia de Copacabana ("quadra da praia", segundo os corretores de
imóveis).
*Luciano Moojen Chaves é um pseudo-intelectual Latino Americano, que tem "estatura mediana, gosta muito de fulana, mais sicrana é quem lhe quer...!". Não tem "dinheiro no banco nem parentes importantes" e é "vindo do interior".