Atualmente a escola vem sendo compreendida como um campo de tensões em que nela interagem diversos fenômenos, entre eles o da exclusão (CANDAU, 2007). Segundo Castel (2007) esta categoria é um conceito usado para explicar os grandes problemas do mundo: as crises civis, as relações existentes no âmbito do trabalho, os direitos humanos e sociais, entre outros. Neste ínterim voltamos nosso olhar para o espaço da escola, pois entendemos que neste ambiente existem vários paradoxos entre eles o da flexibilidade do ensino frente ao enrijecimento do currículo, das redes virtuais frente à formação de professores/as, da inclusão frente à exclusão (GENTILI, 2003).

Na sociedade moderna o ambiente escolar foi eleito como um lócus por excelência de construção de conhecimento, da comunicação e da consolidação de valores morais, sociais e culturais (MATTOS & CASTRO, 2005). Por isso, a importância de se compreender uma possível relação existente entre a escola, a exclusão e a esperança, analisando estas ações de forma holística e indicando, uma possível construção de uma pedagogia da possibilidade.
O espaço escolar em muito vem sendo estudado como um lugar que fomenta a exclusão educacional de alunos e alunas da escola do sistema público de ensino, caracterizando assim um problema que está no centro das questões do processo de ensino-aprendizagem, que envolvem professores, alunos, diretores, funcionários, pais e mães (PATTO, 1999). Entretanto, paradoxalmente, também no espaço escolar podemos encontrar ações que possibilitam o aprendizado, a inclusão e a construção de conhecimento, ou seja, uma educação que se constrói como prática de liberdade (FREIRE, 1989). Logo, incentivar uma pedagogia da possibilidade é fomentar dentro do espaço escolar uma educação que tenha esperança como ação norteadora, esperança esta que seja pautada em idéias políticos, pela luta da igualdade sem descaracterização das nossas diferenças, da ética em detrimento a submissão, do compromisso social frente ao descaso político, da transformação que é pautada em um modelo democrático.

 

---

Referências:

CANDAU, V. M. Mesa redonda: Cultura, Violência e Exclusão. In: II Colóquio Educação, Cidadania e Exclusão – Etnografia em Educação: fracasso escolar, UERJ/ NetEdu, Rio de Janeiro, 2007.

CASTEL, R. As armadilhas da Exclusão. In: Desigualdade e a questão social, 2ª edição. rev. e ampliado, São Paulo: EDUC, 2007.

GENTILI, P. As razões da esperança numa era de desencanto. In: HERDY, J.S. Educação e Cidadania - (re) construindo a esperança. Universidade do Grande Rio – Editora UNIGRANRIO. Cadernos de Educação, Duque de Caxias, 2003.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Introdução de Francisco C.Weffort. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 19 ed., 150 p, 1989.

MATTOS, C.L.G. & CASTRO, P. A. Análises etnográficas das imagens sobre a realidade do aluno no enfrentamento das dificuldades e desigualdades na sala de aula. In: Pesquisa em Educação – métodos, temas e linguagens. BARBOSA, Inês e.t al. (org). Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: historias de submissão e rebeldia. Casa do Psicólogo, São Paulo, 1999.