ELE COMBINA COM MEU VESTIDO

A gente combinou que não era amor. Combinamos agora que você colocou um fim. Combinamos sermos amigos, como se o beijo que você me deu na boca fosse mera amizade. A gente combina tanto que eu até aceito suas combinações estranhas. Eu só não consigo entender porque você é tudo o que eu quero e eu sou tudo o que você quer, mas ainda assim nossas contas não conseguem entender a adição.
Combinamos então sermos amigos. Liguei para todos os meus amigos como você e avisei que estava disponível. E fiz sexo com alguns para me convencer que não estou contigo.
Na primeira oportunidade, aproveitamos um deslize para nos ofender. E procuramos nas entrelinhas, os motivos mais eficazes para justificar o medo. Ainda estou com seu livro nas mãos e as palavras na garganta. Uma lágrima teimosa insiste em cair sobre ele. Não vou ter você para contar as novidades. Não vou ter você para me incentivar a ser o que sou. Não vou te ter para me colocar dentro de mim como você me coloca. Fecho os olhos para ter medo do escuro e esquecer que tenho é medo de você ir de vez.
Ah, isso é muito mais amor que o amor, querer você por perto e me afastar de você para te ter por perto. Tentar disfarçar o tamanho do meu coração para não assusta-lo, de tão grande que ele está.
Você é insuportavelmente igual a todo mundo, talvez por isso eu te ame tanto. Não faz a menor questão de ter uma diferença, sequer uma necessidade de ser diferente. Tem todos os defeitos do mundo, mas é insuportavelmente melhor que todo mundo.
Combinamos nos desentendermos em todos os momentos que o amor ficou maior que qualquer questão. Mas seus fluidos ainda estão sobre meu corpo e sua camisa cor ocre arde nas minhas vistas. Nem consigo fazer mais poemas porque as palavras não combinam mais entre si. Mudo e reverto os trajetos para esquecer de sua existência impertinente em todas as esquinas que caminho. O seu nome está escrito no meu travesseiro e só durmo de bruços.
Talvez um dia a gente combine que você seja meu dono e que cheire meus cabelos com suspiros profundos, apalpe meu sexo para domina-lo, morda os bicos dos meus seios para engolir minha alma, detenha minha língua para modificar o silêncio, me convença que ama minhas manias mais insuportáveis e que nunca vai enjoar delas, salpique dentro de mim a idéia da perfeição, caia no meu colo depois de uma bebedeira, regule meu decote, sinta ciúmes de meus amigos e de seus amigos quando me olham admirados, se orgulhe da tola que tanto te ama e se sinta o idiota mais feliz do mundo borrado de batom vermelho sangue.
Talvez um dia você possa receber o meu afeto sem limites. E possamos beber de alegria e viço, a surpresa de não saber o que se é.
É, talvez um dia a gente combine que o sexo que desejamos seja o sexo para sempre, ou até que o tesão exista e o amor seja eterno e ainda caiba em nossas combinações.

 


Alessandra Pereira
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS