Em princípio, uma série de falhas, menores ou maiores, poderia ter sido evitada no decorrer e no término do cárcere privado mais longo registrado no estado de São Paulo, de acordo com o especialista em Direito Penal pela Universidade de Madri, Luiz Flávio Gomes. "Todo o processo, principalmente o momento da volta da garota Nayara ao apartamento, deverá ser cuidadosamente investigado", observa Gomes. Na opinião dele, a menina nunca poderia ter sido designada para a tarefa de negociar com o seqüestrador Lindemberg Alves, de 22 anos, que demonstrava sinais de agressividade e desequilíbrio desde os primeiros dias de seqüestro. "Nem com a autorização dos pais ela poderia ter retornado. Foi um descuido flagrante do Estado", sentencia. A competência do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) não é questionada por Luiz Flávio Gomes, que salienta que o Grupo é especializado em lidar com situações de seqüestro e cárcere privado. "As negociações poderiam ter sido feitas por qualquer uma das duas polícias – militar ou civil – e acredito que o fato de o GATE ter entrado como negociador foi natural", explica. No entanto, lembra, "uma série de erros cometidos poderia ter sido evitada, como a demasiada demora do aprisionamento da vítima", que levou cinco dias.
Representado por uma advogada a partir de hoje, Lindemberg deverá prestar em breve seu depoimento no 6º DP de Santo André, delegacia para a qual foi encaminhado após sua captura. O Ministério Público então preparará a denúncia ao Judiciário que, em seguida, fará a pronúncia do processo, onde é decidido qual júri será designado para o julgamento do réu. "Neste caso, por ter sido um flagrante, será júri popular, sem dúvidas", afirma o especialista em Direito Penal.