Escola: entre a resistência e a possibilidade

A escola na Modernidade é compreendida como um espaço de transmissão e/ ou construção de saberes (MATTOS & CASTRO, 2005). Entretanto, ao voltarmos nossos olhares para está instituição, podemos perceber que os saberes, que outrora eram construídos em seus espaços/tempos, também são gerados em outros ambientes, os não-escolares ou os espaços informais de educação.  Nos dias atuais é com outros ambientes de produção de saberes que os sujeitos que permeiam o espaço da escola vem dialogando, por exemplo, destacamos as aprendizagens que temos com/na internet. Espaço de socialização e construção de conhecimento (SENNA, 2008).
É inserida em um contexto social que a escola servirá nas afirmações das desigualdades existentes dentro da sociedade (DUBET, 2003). A reforma educacional ao longo deste período também vem avigorando através de políticas públicas para educação um determinado lugar –subalternizado - para as diferentes culturas que permeiam o espaço intra-escolar. Em especial as diferenças de alunos e professoras que permeiam os espaços de sala de aula.

Neste ínterim são as relações entre acesso e permanência, de milhares de alunos e alunas em toda educação básica de todo país nos permite compreender uma dinâmica, que denominamos de perversa, entre exclusão e inclusão que ocorre no interior da escola. Quando analisamos a relação entre acesso e permanência, podemos afirmar que existe no sistema público nacional de ensino uma pseudo-universalidade da educação (FERRARO & MACHADO, 2002). Atingimos a marca de 97% de crianças, adolescentes e jovens na educação básica deste país. Mas, nos perguntamos cotidianamente, como anda a aprendizagem destes sujeitos? Como são construídos os saberes dentro da conjuntura escolar?
Segundo Castro (2006) é na sala de aula que vislumbramos as matizes de um espaço de construção cotidiana de interações, saberes e conhecimentos que intervém na vida dos sujeitos que dela participam, ou seja, professoras, estagiárias e alunos/as. Este espaço dentro do seio da escola nos revela de forma preponderante as tensões que existem em seu interior.
Erickson (2001) no Prefácio de Cenas de Sala de Aula nos fala deste espaço como um lugar de microculturas que interagem cotidianamente, sendo estas entrelaçadas de significados e vivências singulares. O mesmo autor ainda nos evidencia as relações que ocorrem em diferentes salas apontando para as peculiaridades existentes entre elas e como estas interferem no ensino e na aprendizagem dos sujeitos que dela participam.
A sala de aula é então compreendida como um espaço de negociações de significados, onde os conhecimentos possibilitados pelos professores/as se entrelaçam com os vivenciados pelos alunos/as de forma a potencializar a intelectualidade existente nos sujeitos escolares (ALVES, 2007).
É através da observação deste ambiente que construímos as representações sobre a dinâmica de inclusão/exclusão no espaço intra-escolar através do olhar sobre as diferenças culturais que permeiam este espaço. Entendemos que este é um lugar privilegiado para pesquisas que tenham como objeto de estudo as relações micro-sociais, mas relações estas que dialogam com todo o espaço escolar, ou seja, os conselhos de classe, as reuniões de pais e mães, as entrevistas com professores e professoras, entrevistas com alunos e alunas, o recreio no pátio, entre outros eventos. 
Esperamos que a escola não seja para os alunos e alunas, professoras e professores um espaço de exclusão, mas sim um local destinado à convicção de que a mudança é possível, mudança esta que se dá entre a resistência e a possibilidade (FREIRE, 1996).

 


Referências:
ALVES, Walcéa Barreto. Como a escola lida com o contexto da cultura de seus alunos? O papel dos processos educacionais informais e o estudo da cultura no contexto escolar. In: SENNA, L.A. G. (org). Letramento: princípios e processos. Curitiba, Editora IBPEX, 2007.

CASTRO, Paula de Almeida. Controlar pra quê? Uma análise etnográfica da interação professor e aluno na sala de aula. Dissertação – Mestrado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.

DUBET, François. A escola e a exclusão. Tradução: Neide Luiza de Rezende. Cadernos de Pesquisa, n. 119, p. 29-45, julho/2003.

ERICKSON, Frederick. Prefácio: Cenas de sala de aula. In: COX, Maria Inês & ASSIS PETERSON, Ana Antonio de (orgs). Mercado das Letras, Campinas – São Paulo, 2001.

FERRARO, Alceu Ravanello; MACHADO, Nádie Christina Ferreira. Da universalização do acesso à escola no Brasil. Educ. Soc.,  Campinas,  v. 23,  n. 79, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 31° edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996, 165p.

MATTOS & CASTRO, Paula Almeida. Análises etnográficas das imagens sobre a realidade do aluno no enfrentamento das dificuldades e desigualdades na sala de aula. In: Pesquisa em Educação – métodos, temas e linguagens. BARBOSA, Inês e.t al. (org). Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

SENNA, Luiz Antonio Gomes. Formação docente e educação inclusiva. Cad. Pesqui.,  São Paulo,  v. 38,  n. 133, 2008.  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.

 

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