UM BRASIL SEM OLFATO NAVEGA TRANQUILAMENTE EM MAR DE LAMA

Razoavelmente instalado em minha modesta cabine na 3ª classe deste gigantesco transatlântico de luxo chamado Brasil, sem acesso as sofisticadas áreas reservadas aos brasileiros das mais altas camadas sociais, curto a viagem ao sabor da minha imaginação.

Num certo momento descubro a um canto, algumas revistas velhas recolhidas por mim numa cesta de lixo. Ganho a opção de ver nas reportagens o que me é proibido conhecer do meu país, além das minhas fronteiras.

Abro uma das revistas sem preocupações de escolha de um assunto preferencial. A surpresa quase me mata do coração. O título da matéria anuncia: O sonho COMEÇOU. Uma legenda acrescenta ao título a imediata compreensão do texto e dos gráficos oferecidos aos leitores curiosos e desavisados: Pela primeira vez, a classe média vira maioria no País e almeja casa própria e automóvel.  Inicio a leitura com incontida ansiedade. Em cada parágrafo descubro verdades que meus olhos míopes jamais enxergaram. O autor do ensaio cita primeiramente a definição de classe média, expressa pelo laureado economista americano Milton Friedman, dono de um prêmio Nobel, como sendo “aquela que tem um plano de ascensão social bem definido para o futuro”.

Em seguida a afirmação de que no Brasil 51,89% da população economicamente ativa já pertencem à classe média, em pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Fiquei confuso. O percentual é tirado da população economicamente ativa. Os 51,89% quanto representa da população total?

Também fiquei infeliz. Até hoje, o círculo das minhas relações sociais é formado por desempregados, biscateiros, autônomos, aposentados, professores, auxiliares disso e daquilo, cuja semelhança é notada pela renda média, entre o mínimo do mínimo e o máximo de R$ 600. A renda familiar máxima gira em torno de R$ 1.000, menor do que o ponto de partida dos cidadãos situados na classe C.

Busco um motivo que mostre onde estou errado na compreensão do texto. Talvez, quem sabe, na pesquisa estejam incluídos os profissionais do tráfico de drogas e armas, os contrabandistas, os fraudadores do INSS, os incluídos nos mensalões, os “aspones” que ocupam os cargos de confiança, na maioria parentes dos políticos com mandato, que usam das tetas da mãe pátria para engordar as contas das próprias famílias.

Troco de revista. Meus olhos se colocam sobre outro título iniciado por uma palavra do inglês: Bullyng, um crime nas escolas.

Nova legenda auxilia o leitor: Crianças e adolescentes isolam, insultam, agridem colegas e expõem uma realidade alarmante: pais e colégios não sabem como lidar com agressões que começam cada vez mais cedo. O termo inglês “Bull” significa valentão, brigão, tirano.

Tenho minhas razões para alimentar “broncas” contra jornalistas intelectuais. Por que recorrer de parâmetros estrangeiros para escrever sobre a situação dos colégios do nosso maravilhoso transatlântico transformados em escolas do crime? Se quiserem ilustrações para as matérias, procurem saber do número de ocorrências de violência em estabelecimentos de ensino, procurem saber de professores e diretores que sofreram agressões físicas e foram agredidos a tiros e facadas, procurem saber o número de alunos mortos dentro e fora dos colégios.

Na minha cabine da 3ª classe na tenho escotilhas, não enxergo o que se passa lá fora, não ouço a alegria dos tombadilhos, dos salões de festas, das pérgulas das piscinas, não sinto a fragrância dos perfumes importados usados por lindas e fascinantes mulheres.   Só agora me dou conta que ao começar a ler as revistas comecei a sentir cheiros nauseabundos. O que poderia ser? Ratos mortos no convés?

No espaço que a revista reserva para divulgação das opiniões dos leitores, encontro severas críticas ao ex-ministro Gilberto Gil que viajou uma volta e meia ao redor do mundo para promover o seu disco e não deu um único passo em prol da cultura.

Outro leitor quer entender os critérios do TER fluminense e do TSE para conceder registro de candidatura a Paulo Maluf e negar registro ao candidato a vereador na cidade do Rio de Janeiro, conhecido como Claudinho da Academia.

Como costumava filosofar o “velho Guerreiro” Chacrinha: não viemos ao mundo para explicar, mas sim, para complicar. Aliás, este filósofo desconhecido não cansa de repetir que no Brasil o errado é que está certo.

Mais um leitor dá sua patada. Diz sentir náusea e revolta pela promiscuidade obscena entre banqueiros espertalhões e autoridades dos mais altos escalões da nossa República.

Sem perceber, continuei lendo as revistas e descobrindo o Brasil. Li uma reportagem que denunciava uma blindagem do petista Romenio Pereira, beneficiado por suposto esquema da PF (Polícia Federal) que não grampeou como a Justiça determinou os telefones do dito cujo, acusado de participar de um esquema de facilitação de recursos do erário federal para financiar obras municipais negociadas entre prefeitos e empreiteiros desonestos.

Não consegui continuar a leitura, os odores insuportáveis revoltavam o meu estomago somente acostumado ao feijão com arroz e “discos voadores”, vez ou outra enriquecidos com algumas colheres de carne moída.

O transatlântico Brasil com toda a certeza desviara da rota e navegava por águas turvas, tentando vencer um mar de lama
Para finalizar falo do Espírito Santo nas eleições 2008:
CHIQUITA CHICLETES
Mais um candidato que faz sucesso na linha do "não sei se ele é".
Sua aparições na TV juntam enormes platéias. A "BIBA" devidamente caracterizada, usando peruca, maquiagem, brincos e outros penduricalhos desfila seu charme na telinha pedindo o voto dos assumidos.

 

PAULO CARNEIRO
16/9/2008
Espírito Santo 

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