Afroatitudes: O novo apelido das impossibilidades de humanizar o racismo e o capitalismo!

Isto que se expressa no título surgiu no debate de idéias entre a militância mais jovem dos movimentos negros acerca de um conseqüente combate ao racismo. Haja vista as idéias e as propostas formuladas por um jovem universitário apelidado de Preto que é militante no Diretório Central dos Estudantes (DCE) de uma universidade no interior do Estado de Minas Gerais, a Unimontes. Dentre suas credenciais, o universitário se apresentou como articulador do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal no DCE e coordenador estadual provisório em MG do evento nacional de movimentos negros denominado “Fórum de Juventude Negra”. A seguir, as propostas dele e no final, as do Movimento Negro Socialista (MNS). Intitulado “Novo Paradigma da Luta Negra” o texto do universitário começa com a afirmação ”Estamos passando por um momento de relevante importância no que se refere às possibilidades de acesso do negro ao cenário das discussões de políticas de igualdade racial em nosso país”. O texto prossegue “Após 508 anos, finalmente iniciativas concretas são propostas para corrigir uma dívida social brasileira com o povo negro. A palavra desafio, embora não traduza fielmente a ousadia, e o caráter desbravador da iniciativa, é a que mais se aproxima do intento assumido por Zumbi, Xica da Silva, Mandela, Martin Luther King, Abdias do Nascimento, Pixinguinha, Machado de Assis, Aleijadinho, Cruz e Souza, André Rebouças e João Candido”. Segue.

Ao prosseguir o texto diz “E vários outros heróis que deram início à luta pela valorização do povo negro, para que pudéssemos simplesmente ser percebido, como parte essencial da formação da sociedade brasileira”; enfatizou. Ao intitular como novo paradigma (modelo, exemplo) da luta negra, o universitário citou como heróis alguns personagens da nossa História que embora tenham sido negros, no mínimo é controvertido que sejam citados como heróis. Não cabe aqui analisá-los, um a um, por inconveniência de espaço. Até pelo fato das citações de dois líderes negros reconhecidos internacionalmente, o memorável líder dos direitos civis estadunidenses, o reverendo Martin Luther King e o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela.

O texto do universitário corretamente atribuiu ao legado escravista junto com a omissão do estado brasileiro, a produção do que ele chama de iniqüidades, isto é, as específicas e estratégicas desigualdades étnico-raciais causadas pelo racismo, discriminação e preconceito contra os negros. O texto também é correto ao ter salientado: De cada dez dias da História, sete pertencem ao escravismo no Brasil, país com a 2ª maior população negra do planeta (a Nigéria é o 1º), ressaltando que nosso país foi último a abolir a escravidão negra. Pararam aí os acertos. A partir das propostas ele expôs o equivocado racialismo (ideologia e ou crença fundamentalista na existência de “raças” entre os seres da espécie humana) ao reivindicar equidade e ascensão “raciais” para os negros.

Ao prosseguir o texto afundou-se ainda mais na areia movediça do racialismo “Provoco todos os novos personagens de nossa História que integram a grande família afrodescendente a fazer a diferença através de afroatitudes. Ou seja, a nos organizarmos, nos capacitarmos, a entendermos mais, para enfim vencermos todos os paradigmas da democracia racial, lutando por igualdade de oportunidades, novas perspectivas para a militância étnico-racial da juventude e povo negros no Brasil, defendendo as ações afirmativas e as políticas de promoção de igualdade racial”. De equívoco em equívoco, o texto do universitário chegou à citação do Herói e Mártir Internacional da Consciência Negra, Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977).

Começou por errar a grafia, Stive Bico, ao citar uma das célebres frases “Agora é por nossa conta” proferida por Steve Biko antes dele ser assassinado pelo regime racista da minoria branca Apartheid. De propósito, o universitário não citou a mais célebre das frases proferidas por Biko “Racismo e Capitalismo são os dois lados de uma mesma moeda”. Por sinal, slogan do MNS a partir da fundação em 13/05/2006. Ao continuar, o texto do universitário foi queixoso “Sinto a dificuldade de nos mobilizarmos e organizarmos uma vez que após a abolição, nós negros sofremos dura repressão representada pela escravidão intelectual (sic) e pelas negligências de nossa cor, nosso cabelo, nossa religião e falta de representatividade no poder”; frisou.

Antes de apresentar propostas abstratas como “Um futuro justo de gozo pleno de cidadania até então ignorados, cerceados dos nossos direitos à dignidade, trabalho, alimento, vida social, etc”, o texto do universitário tornou-se fundamentalista ao misturar ideais políticos com sincretismo religioso cristão (Deus) e de matriz africana (Orixás) “Que o espírito imortal de nossas antepassadas e antepassados, que nosso Deus e nossos Orixás possam nos envolver de ações que sejam rompidos os limites da retórica, das declarações solenes, e passem a ser traduzidas e visualizadas por medidas tangíveis, concretas e articuladas, cabendo a nós negros a responsabilidade de criarmos e acompanharmos a efetivação e concretização de novas Leis”; acentuou.               

O texto “Afroatitudes: Novo paradigma da luta negra” são formulações que não têm nada de novas. Fazem parte de uma aliança internacional entre militantes racialistas dos movimentos negros com o imperialismo na tentativa de “humanizar” o capitalismo. Tal aliança foi firmada em duas etapas. A 1ª ocorreu na III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata. Este evento foi realizado no ano de 2001 em Durban na África do Sul sob suntuoso patrocínio da Organização das Nações Unidas (ONU). A 2ª etapa foi consolidada no chamado Fórum Social Mundial (FSM) realizado em Nairobi no Quênia, em 2006 quando o racialismo foi unificado através das ações afirmativas.

Desde a fundação o MNS opõe-se a duas dessas ações afirmativas, por se tratarem de paliativos Projetos de Lei (PL) baseados no racialismo, que tramitam no Congresso Nacional. O PL 73/1999 é apelidado de cotas universitárias para negros e indígenas. Por sua vez, o PL 3198/2000 tem a equivocada denominação de “Estatuto da Igualdade Racial (EIR)”. Para tanto, o MNS se uniu a artistas, sindicalistas e os chamados intelectuais, constituindo uma Frente Única (FU) contra os PL 73/1999 e 3198/2000. Tal FU lançou pela editora Civilização Brasileira o livro “Divisões Perigosas – Políticas raciais (racialistas) no Brasil contemporâneo” entregue sob flashes da mídia nacional à presidência da Câmara dos Deputados no dia 30/05/2007.          

Por fim, as reivindicações específicas do MNS são: Escolas e Universidades Públicas, Gratuitas e de Excelência na Qualidade para Todos e Todas, Idem a tudo que se relaciona à Saúde Pública incluso os casos sociais de anemia falciforme, Reforma Agrária com titulação de terras aos quilombolas das áreas demarcadas, Pluralidade didático-pedagógica na aplicação da Lei 10.639/2003, Fim da ocupação militar do Haiti pelas tropas da ONU comandadas pela brasileira e um Tribunal Autônomo para o julgar os genocídios que ocorrem em países do continente africano.

*jornalista – é membro da coordenação nacional do MNS.         

                    

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