Tenho que agradecer, todos os dias, por trabalhar com o que gosto. Assisto futebol, leio futebol e acompanho futebol de todos os cantos do mundo.
Em breve a bola volta a rolar na Europa e aqui no Brasil a competição começa a definir quem é quem. Uma constatação é óbvia. O nível técnico do futebol praticado no Brasil cai ano a ano.
Não é preciso ser um observador atento para perceber. A revoada de jogadores brasileiros que saem para o exterior pode ajudar a explicar tal decréscimo na técnica do nosso campeonato. Jovens jogadores talentosos ou apenas esforçados saem cada vez mais e mais cedo. Basta voltar no tempo e lembrar que o grande mercado no início dos anos 80 era o italiano. Falcão, Cerezo, Sócrates, Zico, Júnior e Pedrinho estavam lá. Todos jogadores de seleção. O futebol brasileiro tinha Leandro, Adílio e Andrade no Flamengo. Reinaldo, Éder e Luizinho no Atlético. Assis e Washington no Atlético Paranaense e no Fluminense. Sem falar em Pita, Zé Sérgio, Bobô, Careca, Casagrande, Roberto Dinamite, Enéas, Branco, Renato, Mário Sérgio e muitos outros. Os tempos mudaram! O mercado se abriu demais. Escancarou! Se em 80 só saíam jogadores de seleção, hoje em dia saem jogadores de todas as divisões e para todos os continentes. Observe o lanterna da Série B, o CRB, de Alagoas. O elenco dispõe de jogadores que estiveram na Holanda, México, China, Turquia e Suíça. Bom para os jogadores que têm mais campo de trabalho e ruim para os torcedores que esvaziam os estádios e procuram, na tv, um nível melhor de futebol.
TRABALHO DE BASE
Outro ponto que pode ser apontado como provável motivo para a queda do nível técnico é a formação de novos talentos. Antes o jogador não dispunha da estrutura de hoje. Profissionais do mais alto nível trabalham nas categorias de base dos principais clubes do Brasil, entretanto, a demanda é tão grande que as etapas necessárias para a boa formação de um atleta são aceleradas. A jovem promessa tem que se tornar realidade antes do tempo. Os ombros dos meninos nem sempre estão preparados para tanto peso. O fundamento, muitas vezes, não foi devidamente trabalhado. É o mercado! Talvez não exista solução. Talvez tenhamos que ter um time no Brasil para vender jogadores e nos fazer sofrer e um na Europa para torcer.Mário Marra – Jornalista
Comentarista da Rádio CBN desde 2000
Comentarista da Rádio Globo desde 2002
Comentarista da TV Horizonte – Belo Horizonte
Comentarista do Premiere FC.