Almeida disse que a Conlutas é diferente das demais centrais tradicionais, porque incorporou movimentos sociais e estudantis e se fortalece com os apoios de sindicatos importantes como o nacional dos professores de universidades, dos metalúrgicos de São José dos Campos, dos metalúrgicos de São Paulo e sindicatos da construção civil nordestinos. Ele não disse até porque o desinformado jornalista não lhe perguntou. Porém, Almeida se proclama seguidor do genial revolucionário russo Leon Trotsky (1879-1940), apesar do PSTU ser filiado à dissidência da Quarta Internacional fundada por Trotsky, a Liga Internacional dos Trabalhadores (LITs) que por sua vez é uma fração fundada pelo falecido militante argentino e dissidente trotskista Nahuel Moreno.
Sobre sindicatos, o Programa de Transição de Trotsky ensinou “O militante bolchevique-leninista encontra-se nas 1ªs fileiras de todas as formas de luta, mesmo naquelas onde se trata apenas dos mais modestos interesses materiais ou direitos democráticos da classe operária. Toma parte ativa na vida dos sindicatos de massa, com o propósito de reforçá-los e aumentar seu espírito de luta. Somente tendo como base este trabalho dentro dos sindicatos, é possível lutar com sucesso contra a burocracia reformista, inclusive contra a burocracia estalinista. As tentativas sectárias de criar ou manter pequenos sindicatos “revolucionários” como 2ª edição do partido, significará de fato, a renúncia à luta pela direção da classe operária. O auto-isolamento capitulacionista fora dos sindicatos de massa equivale à traição da revolução e é incompatível com pertencer à Quarta Internacional”.
Já na defesa de uma central sindical única, Nahuel Moreno disse “Propomos a unidade sindical, a filiação de todos os trabalhadores a sindicatos por ramo industrial e a organização de uma central única (...) Numa campanha de agitação permanente no movimento operário (...) A orientação da Organização Comunista Internacional (OCI) de não reivindicar a unidade sindical faz o jogo da burguesia e dos aparatos em seu afã de manter a divisão do movimento operário”. Moreno que faleceu em 1987 defendeu a unificação numa mesma central sindical, da CGT e da Força Operária, ambas francesas que têm direções burocratizadas anteriores à CUT brasileira que foi fundada em 1983. Conforme se vê, Almeida, a Conlutas e o PSTU não são coerentes com o que foi ensinado por Trotsky, sequer com o que Moreno (de quem proclamam ser herdeiros) defendeu.
“Esquizofrenia” anti-CUT e anti-PT faz Conlutas desfraldar sua bandeira única: Greves!
Ao ser questionado pelo jornalista do UOL se o movimento sindical teria sofrido esvaziamento por conseqüência dos aumentos salariais concedidos acima da inflação, Almeida não se fez de rogado e passou a demonstrar a “esquizofrenia” anti-CUT e anti-PT que tem sido a causa existencial da Conlutas e do PSTU. Para tanto, Almeida desfraldou a bandeira única das greves “Há muitas pessoas que são pesquisadoras e estudiosas, mas tiram conclusões de fatos que não dão fundamento para aquelas conclusões tiradas. Nós vamos viver uma nova retomada da luta pelos salários em breve. Eu acho que no 2º semestre deste ano vai ter mais greves do que no semestre do ano anterior”; frisou.
De acordo com Almeida o arrefecimento das lutas sindicais ocorreram somente no início do governo do presidente Lula “Quando ele chegou ao poder, as pessoas tinham expectativa de que o presidente mudaria o país. Então, se ele vai mudar o país, para quê fazer? O problema foi que a CUT e a Força Sindical bloquearam todas as lutas que elas puderam bloquear porque estão recebendo dinheiro do governo federal. Então, isso diminuiu as lutas, mas não é porque as pessoas estejam vivendo em melhor condição do que antes”; salientou.
Para o dirigente da Conlutas a CUT foi incorporada pelo governo federal e deixou de ser combativa e defender os interesses dos trabalhadores representados por ela. “A CUT já vinha se afastando do compromisso com os trabalhadores desde a década 90. O problema é que, com a ascensão do presidente Lula ao poder, isso ganhou um salto, porque a CUT passou a defender o projeto do governo federal e os interesses políticos do presidente Lula, que segue aplicando o mesmo programa do governo FHC”.
Almeida “descredencia” a CUT e o PT como representantes dos trabalhadores e da esquerda, respectivamente. “Para defender os nossos direitos a CUT não serve mais. Ela serve para apoiar o governo federal e ajudá-lo a aplicar suas políticas de convencimento dos trabalhadores. A CUT virou um instrumento do governo. O PT, para chegar aonde chegou, à presidência da República, foi construindo ao longo dos últimos anos um conjunto de acordos com a burguesia e com empresariado que levou o partido a assumir o programa econômico que é o dos banqueiros deste país. Esse foi o diferencial construído para que a chapa Lula-José Alencar, em 2002, pudesse ter o apoio das grandes empresas e o beneplácito da mídia para que eles pudessem ganhar as eleições”; concluiu.
*jornalista – é militante da corrente intra PT Esquerda Marxista tendência trotskysta da 4ª Internacional