As esquerdas chegaram ao século XXI amadurecidas com os frutos gerados
pelas experiências de governos socialistas, no poder. Isso confirmou a
derrota da falácia a respeito do fim da história. Como exemplo, basta
ver que a agenda da luta pelo socialismo continua efervescente. Agora
sob a bandeira do socialismo renovado. Na América Latina um lindo
capítulo dessa luta está sendo escrito pelas Farc - Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia, também conhecidas pelo acrônimo EP,
exército popular. As Farc são uma organização marxista-leninista, que
luta pela libertação nacional e a conseqüente implantação do socialismo
na Colômbia, junto com outros grupos de esquerda da região compõem o
Foro de São Paulo. Elas estão presentes em pelo menos 20% do território
do país, principalmente nas selvas do sudeste e nas planícies
localizadas próximas à Cordilheira dos Andes. Em 1964, tropas do
governo, com o apoio dos Estados Unidos, agrediram as áreas camponesas
de Marquetalia, Pato, Riochiquito e Guayabero. O pretexto era que ali
funcionavam repúblicas independentes e que poderiam ser embriões de
outra revolução como a cubana. Para impedir isso a qualquer custo, os
militares dos dois países desenvolveram o Plano LASO (Latin American
Security Operation), 16 mil homens, aviões, helicópteros, guerra
bacteriológica, milhares de camponeses mortos e o surgimento das Farc
foram o resultado dessa operação. Na década de 1980 as Farc aceitaram
um cessar-fogo e criaram um braço político a UP - União Patriótica,
porém o pacto de paz foi desrespeitado pelo governo colombiano, e dois
candidatos da UP e seu senador acabaram assassinados.
Nas eleições de 2006, as Farc formaram o bloco PDA-Pólo Democrático Alternativo, que recebeu 2,6 milhões dos votos, equivalente a 22% do pleito. Mas os ataques dos grupos contrários à democracia e que não aceitam a oposição desencadearam nova onda de terror. Isto é, o regime político colombiano é essencialmente autoritário e historicamente elitista. Todas as tentativas de selar a paz foram azeitadas pela ingerência estadunidense, através do Plano Colômbia, que disponibiliza mais de 5 mil mercenários a serviço dessa sangrenta disputa. O dinheiro vindo dos Estados Unidos financiam também a UAC - Autodefesas Unidas da Colômbia, que faz o serviço de matança paralelo ao Exército oficial. Portanto, diante de uma quadra política complexa e adversa, aceitamos como legítima a forma como o povo colombiano e suas organizações sociais encontraram para lutar contra a exploração capitalista, o preconceito racial e exclusão a qual está submetida boa parte da classe trabalhadora da cidade e do campo. É imprescindível mobilizarmos a opinião pública internacional contra essa situação de miséria e para que veja quão mal fazem o dinheiro e a ingerência dos Estados Unidos nesse conflito interno do país latino-americano. E com isso cobrar do Tribunal Penal Internacional uma severa punição aos Estados Unidos por mais esse massacre.
Alexandre Braga é militante marxista.
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