Foi o caso de não mais escrever mal traçadas linhas para o tão querido jornal O REBATE. Toda vez que tentava escrever sentia uma enorme falta de assunto que pudesse ser de alguma utilidade aos que por acaso ou mera curiosidade emprestavam atenção aos meus pensamentos.
Sentia uma contumaz frustração repetindo o que já dissera mais de mil vezes sobre as escolas dominadas por traficantes, estudantes e educadores antes apenas ameaçados de morte e depois espancados com barbaridade, vítimas de armas de fogo ou esfaqueamentos como animais em matadouros.
Polícia fugindo de bandidos ou associados ao crime. Meninas de 12/13 anos cada vez em maior número sendo exploradas pela prostituição, com o consentimento ou exigidas pelos pais da renda familiar. Meninos com até menos idade sendo iniciados como soldados para servir aos exércitos instalados com seus quartéis nas favelas das grandes cidades.
E como posso esquecer ou deixar de falar dos jovens de classe média alta, portadores de diplomas universitários, advogados, médicos e engenheiros, que insatisfeitos com as gordas mesadas familiares, passam a fazer o transporte internacional de drogas, criam eventos capazes de levantar dos túmulos os devassos de Sodoma e Gomorra?
Não posso me omitir das notícias cotidianas de corrupção envolvendo as mais altas autoridades deste país, todas, segundo o presidente Lula, inocentes perseguidas pelos inimigos dos sucessos presidenciais.
Aqui no Espírito Santo tenho a realidade ao vivo e a cores. Parlamentares acusados de chefiarem máfias de fraudes contra o INSS, parlamentares menores indiciados pela prática do empreguismo de fantasmas, prefeitos que enchem a bolsa e os bolsos com o superfaturamento de obras públicas, outros acusados de ordenarem a execução de adversários políticos, professoras e alunos baleados dentro das escolas, assassinatos em série nos fins de semana, motoristas embriagados matando no trânsito, evangélicos mortos à saída das igrejas por acreditarem em Deus, pedófilos atacando impunemente em via pública e a luz do dia.
Errei ao me penitenciar pelos meus escritos neste vergonhoso “país do faz de contas”, “me engana que eu gosto”, onde todos são inocentes até o dia das suas mortes.
Alguém tem que falar e repetir, continuar repetindo. Não lava a alma nem será a solução, porém “quem cala consente”.
Não conheço no Brasil nenhum outro veículo de comunicação que tenha o mesmo poder de fazer repercutir a verdade como o jornal O REBATE.
Também não conheço outro time de jornalistas, cronistas, pensadores e analistas sociais com a mesma coragem, habilitação e qualidades para fazer com que a verdade vença as trevas do mal e permaneça oculta da visão do meu povo.
Paulo Carneiro
26/5/2008