"O Estado brasileiro vai entrar para ocupar definitivamente a reserva, afastando da região os interesses estrangeiros.
A operação tem a ver com a soberania do país".
(Tarso Genro)
- O Conflito e a Mídia
O conflito instalado em Roraima não é apenas entre arrozeiros e índios, como deixa transparecer a mídia, mas, também, e, principalmente, entre os próprios índios. Há uma nítida cisão entre aqueles que são capitaneados e manipulados pelo CIR (Conselho Indigenista de Roraima), fiéis a sua cartilha separatista, e os demais que convivem pacificamente com os brancos e estão totalmente integrados ao estado brasileiro. O jornal O Globo, recentemente, noticiou: "Polícia Federal e índios entram em confronto em Roraima". O conflito, na oportunidade, se agravou pela truculência desnecessária da Polícia Federal e a maneira desrespeitosa com que tratou o índio José Romão de Pinho, vereador de Pacaraima, apresentado em reportagem do Jornal Nacional. "Quem é nativo daqui não pode sair para outro lugar. Existe terra para todo mundo", disse Romão, índio macuxi, que é obrigado, por decisão do governo Federal, a permanecer em uma reserva cuja demarcação não concorda. A mídia falaciosamente deturpa a verdade se referindo ao número de arrozeiros a serem retirados da região: são 468 proprietários e não seis ou sete, como afirmam insistentemente.
- A Associação dos Excluídos da Região Raposa Serra do Sol
O Manifesto da Associação (entidade registrada, composta por quatrocentas famílias expulsas e jogadas na periferia da cidade), assinado pelo seu Vice-Presidente, Eloi Lucena Coelho Júnior, diz:
"Considerando que a discussão judicial envolvendo a desocupação da área Raposa/Serra do Sol ainda não foi definida pelo Supremo Tribunal Federal, não sendo determinada a justa indenização pelas benfeitorias de centenas de famílias que, durante mais de um século, desenvolveram econômica e socialmente a região;
Considerando que algumas comunidades indígenas, comandadas pelo Conselho Indigenista de Roraima – CIR, têm criado um ambiente de terror, ameaça e humilhação a nossos associados, buscando intimidá-los e expulsá-los de suas casas, mesmo antes da justa indenização que lhes cabe;
Considerando, ainda, que no dia de ontem se iniciou a denominada Operação Upatakon III, que visa expulsar todos os moradores não-índios da área Raposa/Serra do Sol, já existindo, inclusive, vítimas da arbitrariedade da Polícia Federal, mesmo antes do pagamento das devidas indenizações;
Considerando, por fim, as 468 famílias de não-índios que vivem na região Raposa/Serra do Sol, que estão em situação de risco de morte;
Vem a público repudiar os atos do Governo Federal contra o Estado de Roraima, atacando cidadãos humildes e suas famílias, que não possuem condições financeiras de arcar com os custos de mudança de seus pertences, de seus animais e de seus filhos, não tendo sequer local parra colocar esses objetos e pessoas".
- A Gestapo de Tarso
O alienado e mal informado ministro Tarso Genro confia nas medidas 'preventivas' adotadas pela Polícia Federal para evitar um conflito sangrento.
As ditas medidas 'preventivas' de Tarso podem ser verificadas através de filmagens realizadas e que comprovam cada um dos relatos abaixo.
- Relato do Prefeito preso pela Polícia Federal:
"Na segunda-feira, por volta de 13 horas, chegou uma equipe da Polícia Federal, comandada pelo Delegado Fernando Romero, encontrando várias pessoas, juntamente comigo, na ponte do rio Surumu. O Delegado Romero, em tom ameaçador e agressivo, me abordou, gritando com o dedo em riste, perguntando qual o motivo que eu estava obstruindo a ponte, sempre gritando e colocando o seu rosto colado ao meu, momento em que eu mandei que o delegado tirasse o dedo do meu rosto, quando ele determinou minha prisão, sendo eu algemado de forma agressiva sem que houvesse qualquer reação da minha parte. Fui deslocado até a cidade de Boa Vista, todo o tempo algemado, e fiquei detido na Superintendência da Polícia Federal até aproximadamente às 22 horas, sendo acusado de desobediência, desacato e outros crimes".
- Relato do Deputado Federal Márcio Junqueira:
"Na manhã de segunda-feira, após acompanhar a manifestação dos moradores da Vila Surumu, comecei o deslocamento para a cidade de Boa Vista, e, chegando ao igarapé do Araçá, percebemos que a ponte havia sido queimada e que não tinha condições de transpor aquele obstáculo; percebi, ainda, a presença de viaturas da Polícia Federal do outro lado da ponte; fiz o retorno com o carro para a Vila Surumu, com o objetivo de utilizar outra via de acesso para a cidade de Boa Vista, quando fui alertado por pessoas da minha equipe de que deveria parar o veículo, caso contrário os policiais federais poderiam atirar em nós; nesse momento, percebi que havia quatro policiais, dois de cada lado do veículo, com armas apontadas para nós; aos gritos, foi-nos ordenado que saíssemos do carro com as mãos na cabeça e nos identificássemos; me identifiquei como Deputado Federal e tentei continuar meu trajeto rumo à Vila do Surumu, mas fui impedido pelo Delegado Fernando Romero e seus agentes, que apontavam suas armas para mim e minha equipe; um dos agentes ainda me ofendeu dizendo "mais um boiola"; nesse momento, continuei o trajeto até a Vila. Logo após chegarmos à Vila do Surumu, poucos minutos depois chegou à equipe dos policiais federais, coordenada pelo Delegado Fernando Romero; em tom agressivo, o delegado começou a gritar com o Sr. Paulo César Justo Quartiero, colocando o dedo em riste no rosto do cidadão, que não esboçava nenhuma reação, como as imagens podem confirmar. Logo, sem qualquer justificativa, o delegado deu voz de prisão ao Paulo César, algemando-o e o empurrando, quase o derrubando de cima da ponte. Nesse mesmo momento ouviu-se uma explosão, que depois soube-se que atingiu o rapaz Renato Quartiero, filho de Paulo César. Depois da prisão de Paulo César, consegui me deslocar para Boa Vista e fui até à sede da Superintendência da Polícia Federal e registrei os fatos para que seja apurada a conduta do delegado Fernando Romero".
- Palavra das lideranças locais
Jonas Marcolino, índio e estudante de direito, da Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima (Sodiur), contrário à demarcação da Reserva em área contínua, afirma: "Somos contra pelo fato de existir na região brasileiros não índios e índios, numa convivência de um século, praticamente. A área não pode ser demarcada como uma reserva única e exclusiva dos índios, como se os índios vivessem em estado primitivo, como se não conhecessem nenhum sistema de produção. Não podemos isolar a reserva".
José Novaes, índio macuxi político de Uiramutã, vila que fica dentro da reserva, acha importante preservar áreas produtivas e municípios que possuem potencial de desenvolvimento. "Temos turismo e agricultura que, a partir do momento da homologação da área contínua, não terão como continuar. Queremos desenvolver, compartilhar a economia, ter auto-sustentabilidade", afirma.
Vicente da Silva Lima Morador, o índio macuxi, de Uiramutã, se diz preocupado com o escoamento da produção e acredita que, se a reserva for homologada de forma contínua, a área ficará isolada e vai prejudicar o desenvolvimento local. "Conhecemos bem o processo de demarcação ao ver outras reservas que estão isoladas. Em São Marcos, os índios têm que pedir licença para tudo à Funai".
- Acordos não cumpridos
O governo federal se recusa a negociar ou cumprir os acordos feitos à época da demarcação. Continua, também, insistindo em retirar os produtores da região à força, desrespeitando o estado democrático de direito que tem como pressupostos básicos o respeito a direitos adquiridos e o Judiciário como última instância com poder de decisão, quando existe um litígio.
- Alienação ministerial
Apesar do clima de guerra reinante na reserva, Tarso Genro confia nas medidas 'preventivas' adotadas pela Polícia Federal para evitar um conflito sangrento. "O Estado brasileiro vai entrar para ocupar definitivamente a reserva, afastando da região os interesses estrangeiros. A operação tem a ver com a soberania do país. A Raposa/Serra do Sol não é território livre. É território indígena e pertence à União" - disse o ministro.
O ministro, assim como toda camarilha do Governo Federal, deveria se deslocar para a região para colher as informações 'in loco' e não ficar fazendo pronunciamentos senis a respeito da questão. A atuação da PF tem sido desmedida e provocativa, atemorizando toda população do estado de Roraima. O despreparo dos agentes e delegados tem sido verificado em todas ações promovidas pela PF e, mesmo assim, o ministro ainda acha que, quando os ânimos estiverem realmente acirrados, essa conduta possa ser adequada. Acorde, ministro irresponsável! Viaje até Roraima e veja a situação com seus próprios olhos. Saia do seu gabinete e aja como um líder do Brasil e não como um fantoche de ONG's estrangeiras.