Crónicas: Dilemas / Parede de Vidros

1.    Dilemas

As mãos já não estão vazias. O corpo segue apesar da ausência de amor, daquilo que se vê, se mostra e provoca as rugas nefastas. A arma que se entranha nos meus dedos, na tremideira provocada pela ausência de bom senso, apenas resta destruir um qualquer preconceito.

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A dor de viver, no preconceito de palavras inócuas, de sentidos incrustrados de normalidade fatal, apenas resta seguir na ignorância.

As vozes infâmes dos arautos da sociedade, que nos protegem da nossa própria ignorância, perseguem-nos nos nossos pesadelos recorrentes.

A culpa de viver preocupado com a saúde efémera, das palavras de amizade inexistentes, apenas o dinheiros lhes faz sentido perante a morte.

As imagens que nos perseguem rumo ao inferno, na voragem dos amores esquecidos, num paraíso sem anjos. Afinal do que falam?

A vontade de esquecer o futuro, um qualquer acidente fatal, por um qualquer beijo louco, um pouco de sexo que não nos deixe ocos.

As fronteiras do perigo, o ardor na alma por te amar num fogo fátuo, fata morgana que nunca será memória iluminada.

As canções do adeus, nos prados verdejantes, as cruzes que iluminam os idos, as nuvens negras que ameaçam dilúvio.

A vontade de nada perante a vontade de acabar. Virar assim os olhos a um qualquer futuro por desejar, coração parado.

A ferro e fogo, doente da falta da noite que envolva o fim, da ausência de um amor, perdido, lá no outro lado da existência.

As promessas ocas de amor eterno, dos deuses inexistentes. Apenas um presente sem a inconstância das verdades absolutas, que ferem, que matam, destruindo a vida.


2.    Parede de Vidros

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Até podia ser outro o contexto e um qualquer mentira tornar-se o mito. Aquele tipo de história que se entranha como realidade.

Mas porventura não te lembras que mesmo de olhos fechados a alma capta todos os movimentos estranhos que saem da tua boca?

A verdade tornou-se uma obsessão. Nem mais quiseste saber da origem das espécies, talvez para não teres que descobrir  algum antepassado menos brilhante que o teu ofuscante ego, centro de um mundo onde nada se esconde, porque tudo é oco.

Queria juntar os meus lábios aos teus, perder a noção das batidas do coração sem ter que me preocupar com as mentiras. Vives na lúxuria de acabares os teus dias com um qualquer diamante de sangue no peito. Como se te tornasses eterna pela riqueza dos artefactos. Os faraós apenas são mitos que nas suas vidas foram apenas ensaios da soberba que glorificavam. O desdém pelo próximo, tal como tu fazes a quem gosta de ti.

Deste lado contemplo os despojos inglórios em que se tornou o teu corpo. E o que te resta se o eye liner já não esconde as rugas e as operações plásticas não forçam a juventude ansiada?

Apenas um corpo gasto e cansado. Mais cansada a alma  que anseia pela perda desse ombro que nunca abrigou confidências, apenas um mar de intensa solidão. Pensavas que tinhas o mundo a teus pés?

E um dia quando escreveres algumas linhas acerca da tua vida, pensa bem, extrai todo o sumo possível e aproveita apenas o que lá ficar. Sabes, há aquelas laranjas grandes e há outras mais pequenas e acredita em mim, nem sempre se extraí mais sumo pela grandeza do fruto. 

 


 

 

Manuel Marques (biografia)

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Nasci a 6 de Abril de 1972 em Lisboa. Por mais que viaje e saia sinto sempre a saudade dessa mística que não encontro em mais lado nenhum, paixão pura, apesar de andar sempre em fuga.
    
Em pequeno devorava livros de aventuras de Jack London que continua a ser o meu autor predilecto. A grande influência da minha escrita para além do silêncio e da solidão proporcionada pela noite é a música, muito do que escrevo muda perante o que ouço sendo uma forte influência toda a envolvente sonora.
   
Tem uma fixação enorme pelo mar e pela Serra de Sintra, pelos recantos escondidos onde já namorou muitas vezes, dos longuíssimos passeios a pé e das noites de Lisboa. Não há muitos anos o Alentejo dos extremos de calor e de frio passou a ser o meu pedaço de mundo predilecto, com amigos a corresponder.

A nível profissional: versátil.
Ser escritor não casa com ensino de condução nem com Banca, mas muitas outras coisas que faço também não.

A escrita nasceu, assim, acidentalmente; sem nunca a forçar, saindo com uma fluidez que até ao mesmo surpreende muitas vezes, assim o atestam muitos dos blogues onde a sua alma se vai soltando.
No dia 3 de Março de 2007 concretizei um dos meus sonhos de infância, editando um livro que se chama O Medo do Dia Seguinte onde se desfiam muitos dos medos que vejo cirandar perto de mim, eu que me considero um homem sem medo.
Em Fevereiro de 2008 tornei-me sócio da Associação Portuguesa de Poetas, pertencendo igualmente ao Movimiento Poetas Del Mundo.

O meu site: www.manuelmarques.com/
Os meus blogues, todos importantes, uns mais activos que os outros:
http://manuelantoniomarques.blogspot.com/ (o principal e o mais antigo)
http://omedododiaseguinte.blogspot.com/ (o meu livro como eu o concebi...)
http://regressoalisboa.blogspot.com/ (uma homenagem minha a Lisboa)
http://silenciosensurdecedores.arteblog.com.br/ (o meu confessionário)

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