A humanidade vive e convive com um enorme avanço científico e tecnológico. As distancias do mundo deixaram de existir. Um fato que esteja acontecendo neste momento no outro lado do planeta pode ser visto e acompanhado de imediato. As mídias modernas, inclusive as sociais, plugam o homem diuturnamente, de modo que, mais do que nunca, vivemos na chamada “aldeia global”.
No entanto, apesar da chamada modernidade, a grande maioria das notícias que são veiculadas evidenciam que o homem, muitas vezes, tem praticado alguns atos que remontam à antiguidade. Reiteradas vezes temos constatado a prática da antiga e revogada lei de Talião, com a aplicação do lema: olho por olho, dente por dente.
Mais que isso, parece que fatos que até pouco tempo causavam grandes comoções têm sido tratados como corriqueiros. Aparentemente, o homem tem menosprezado as leis da Criação e da matéria a ponto de estabelecer uma convivência aberta com as atitudes antiéticas, justificando-as com argumentos éticos.
Daí a indagação: estaríamos vivendo uma inversão de valores?
Esse sentimento tem causado uma crescente sensação de que o homem tem encontrado dificuldades para distinguir os valores éticos dos antiéticos, trazendo a tona uma lenda que surgiu por volta do ano 1.100, no meio da Idade Média, imortalizada pelo escritor alemão Goethe, que relata um pacto que teria sido feito por um certo dr. Fausto com o diabo, no sentido de encontrar a forma de viver prazeres em todos seus aspectos sem o compromisso de assumir todas consequências deles decorrentes.
Mas é preciso orar e vigiar, porque a história da humanidade é repleta de fatos que demonstram que o apego pelas coisas da matéria leva o homem a viver momentos de extrema dificuldade moral. É preciso que o homem compreenda que a maior revolução que se pode fazer antes de material é moral.
Aí sim teremos entendido que Cristo, além de atualizar os ensinamentos de Moisés, trouxe à humanidade a verdadeira moral que deve renovar o mundo, aproximando os homens, tornando-os irmãos. Disse Jesus: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; eu não vim destruí-los, mas dar-lhes cumprimento; porque eu vos digo em verdade que o céu e a Terra não passarão antes que tudo o que está na lei seja cumprido perfeitamente, até um único jota é um só ponto” (Mateus: cap. V. v. 17/18).
O verdadeiro avanço que se deve buscar é aquele que faz jorrar dos corações humanos a caridade e o amor ao próximo, criando entre os homens uma solidariedade comum, com ideias e ideais morais únicos que ajudem na transformação do planeta num mundo de paz.
Para tanto, é preciso que o homem procure entender a verdadeira razão da vida material e que é chegado o momento em que os ideais morais devem se desenvolver para que possa “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, resumindo, assim, como exemplificou Jesus, toda lei e os profetas.
Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.