A chamada vida real é mais interessante que a ficção quando consideramos a capacidade humana de intervir no fluxo natural da existência. Essa é a história que conta o documentário “Three Identical Strangers”, dirigido por Tim Wardle. O que começa como uma história aparentemente curiosa transforma-se num drama.
O eixo é a narrativa sobre trigêmeos separados no nascimento e criados por três famílias diferentes que se reencontram por acaso quase duas décadas depois. O que parece ser inicialmente uma história feliz esconde um drama profundo, pois a história deles, desde o início de suas vidas, foi cuidadosamente monitorada por uma universidade dos EUA.
Eles integraram um estudo científico, liderado por um psiquiatra já falecido, que buscava entender melhor se os fatores genéticos ou a criação familiar era mais determinante no desenvolvimento de cada irmão. Por falta de verba, o estudo foi interrompido e parte dos documentos ainda é secreta.
Além disso, o suicídio de um dos jovens agrava ainda mais o painel. O fato de cada família ter um perfil (classe trabalhadora, média e alta) e o fato de todos terem uma irmã mais velha também contribui para dar uma dimensão de como essas crianças foram analisadas, inclusive com entrevistas periódicas de profissionais da saúde. Que cineasta inventaria essa narrativa?
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-doutorando e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.